Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sobre alguém indizível

"Começou de súbito, a festa estava mesmo ótima.."
Eu, é dito, amo encontros. Uma noite o encontrei, numa festa ótima(?). Nos falamos desde então. Nos vemos? Não. O que ele me passa? Não sei. Então, cá me encontro escrevendo. Ele é uma mistura de alguma sutil prepotência, egocentrismo, ironia e uma expressiva doçura e inteligência. Interessantíssimo, daqueles que tu quer por perto seja por conveniência ou por desejo próprio. Eu disse pra ele que "é alguma coisa muito irritante, mas às avessas, que estranhamente torna suportável até demais..". Com certeza de qualquer coisa, é amizade. Contudo, não por mim e nem por ele, essa amizade parece estar numa linha tênue entre algo que não é nada demais, mas é além, pois há uma peça de roupa envolvida. É como ele uma vez disse, dúbio -tal o texto dele, tal o que temos, tal o que aqui escrevo-. É válido constatar que falta muita coisa, pois são só letras verdes o que ele vê. Falta o olho no olho, sair do uso constante só das palavras. O que ele pensa? Essa pergunta certamente garante divagações bem significantes da minha parte.
Já eu, que nem sei ao certo o que penso, me atrevo a exprimir uma vaga(ou não) curiosidade sobre o que esse douto alguém ainda me fará pensar/sentir/ser. Ele perguntou "qual é o peso de uma palavra escrita se tudo que posso esperar de resposta é outra de volta?" Eu respondo com esse texto e com a espera de que essa afinidade pós-moderna recém-nascida evolua com veêmecia e seja, de fato, lépida.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sonho de ser a vida ou Ser um sonho de vida ou Viver sendo sonho

A vida sonhada,
ser como sonho,
viver para ser,
sonhar com a vida,

Viver o sonho. Ser a vida.

sábado, 6 de junho de 2009

REVOLUÇÃO íntima.

Viva la revolución!
Abaixo à eu(mim) mesma! Sim, hoje acordei revolucionária. E a revolução começa agora. O motivo: Ana Elizabeth Soares de Azevedo, vulgo Bebeth, vulgo eu. Ontem eu surtei. Hoje eu pergunto. Quem sou eu? O que me interessa? O que me interessa além dos meus interesses? Por que sufocar as pessoas que amo? Por que amar tanto? Por que se jogar tanto? Por que pensar tanto e, principalmente, por que não pensar quando se tem que pensar? O que eu vejo no espelho? Cadê a identidade? As respostas eu sei e não sei. Eu quero e não quero. Cansei de saber o que procuro escolhendo não procurar. Cansei de procurar demais o que não sei se quero pra mim. É um aperto, uma confusão interior. Eu quero tudo e não quero nada. Eu quero querer alguém, quero ser "querida". Eu quero o que passou. Não somente o que passou pra mim, quero o que é passado. O que já foi. Quero saber realmente o que eu quero. Quero encontros! Quero ser encontrada. Escrevo, porque quero. Escrevo, porque preciso. Falo comigo mesma. Preciso conversar comigo. Preciso querer. Quero precisar. Quero gritar e encontrar o nome daquela música "lalalalaaa lalala dance with me...". Quero dançar ao som daquela música que nem posso escutar! Não quero mais machucar o meu queixo. Quero beijar quem nem pensa em me beijar! Não quero mais ir tanto atrás, dar chance ao acaso. Quero encontrar quem nem tenta me encontrar! Quero fabricar mais encontros casuais. Quero não precisar fabricá-los. Preciso me acalmar. Quero me agitar. Preciso escrever, preciso desabafar. Quero alcançar. Cansei de ser canhota. "Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. "* MAS EU QUERO SER GAUCHE NA VIDA. Sou esquerda, sou canhota. Sou diferente? Sou eu mesma? Sou igual? Quem eu sou? O que eu sou? Tu me conheces? Palavras. Preciso das palavras. Eu quero as palavras. Quero me libertar. De quem? Do que? E a vida? Quero a minha vida. Preciso viver viva. Surpresas. Quero surpreender alguém. Quero ser Amelie Poulain. O que me faz pensar? O que é o pensamento? "Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo."* O que me comove? Penso em me comover? Penso tudo, penso tanto. Nada se encaixa, nada dá certo. Penso e complica. Não penso e piora. É tudo destro e eu sou canhota. Sou gauche. Sou gauche na vida. Seria esse meu destino? Ser errada no mundo. Certa no meu mundo? Qual seria ele? Então essa revolução acabaria? Me encaixaria no meu mundo, no meu canto? Eu seria a favor de mim mesma? Eu quero meu mundo. Preciso do meu mundo. Seria a resposta? Vou em busca. Vou me encontrar. Encontrar o meu lugar, meu mundo.
Se eu encontrá-lo, tu vens comigo?

*Trechos do "Poema de sete faces", C. D. de Andrade.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Eles.

Ele não ligou mais uma vez.
Ela, impaciente, perdeu as esperanças, além da noção do tempo.

Eram seis da manhã.
Com um café na mão, foi à praia -deserta no inverno- apreciar o sol que acabara de nascer.
Ele, na cidade, voltava pra casa, bêbado, com uma cerveja na mão, apreciando o sol que acabara de nascer.
Ela, desiludida e com TPM, chorava deitada na areia, revivendo momentos passados.
Ele, chapado, ria deitado no sofá, revivendo momentos passados.
"Como ele pôde?!", pensava ela, acabada, sobre a falta de consideração dele nessa semana. "Como ela pôde?", pensava ele, satisfeito, sobre a atuação dela na cama, semana passada.
Ela, sem pensar, ou por pensar demais, decidira desistir de tudo. Nunca mais pensaria nele. Nunca mais o veria, esqueceria de tudo. Se para ele não significou nada, então, seria o mesmo para ela. Passou a manhã decidindo apagá-lo da memória e passou a tarde dormindo, sonhando com ele.
Ele passou a manhã dormindo, sonhou com futebol e carros. Passou, também, a tarde decidindo ir encontrá-la. Sem pensar, ou por pensar demais, decidira começar tudo, de fato. Aquela noite obviamente significara algo. Temia parecer muito antecipado. Queria vê-la, lembrava de tudo.
Ela tirava conclusões, nervosa e desiludida.
Ele tirava conclusões, tranquilo e calmo.
Ela, na casa da praia, quis jantar uma massa aos 4 queijos, sua única preferida. Cozinhou-a com apreço. Como se fosse a última vez.
Ele, na estrada, pensava em uma massa vermelha ou aos 4 queijos, tanto fazia. Como todas as vezes.

Ela colocou a mesa e ele chegou. Ela, gelada por dentro ao ver sua barba por fazer e seu sorriso que iluminava o mundo, o cumprimentou.
Ele, quente por dentro ao ver seu vestido estampado que contornava suavemente suas formas, a cumprimentou.
"Eai, quanto tempo." "Pois é, tava afim de te ver." "Legal que tu vieste." "É massa aos 4 quejos? Po, to tri com fome." "É, fiz bastante, janta comigo".

Ela tinha milhões de coisas para dizer, chingamentos enormes, sermões intermináveis.
Ele queria se declarar, falar dos sentimentos.

Porém, nada foi dito. Naquela noite ela e ele foram um, mais uma vez. Se amararam como se não houvesse mais nada no mundo. Finalmente se compreenderam. Ela desistiu de esquecê-lo e ele resolveu lembrar cada vez mais.

Eram seis da manhã.
Ela fazia que dormia, ria.
Ele a contemplava e ria.
Sentimento puro que só eles possuem.