Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.

terça-feira, 30 de março de 2010

Me ensina

E quando o amor não é mais certo? Quando a certeza já não existe? Quando de repente, o tudo já é nada e o nada dói fundo em lugares que eu nem sabia que eu tinha. Me ensina a seguir vivendo, vivendo pela metade, assim, desse jeito. Me diz pra ficar bem, pra ir tranquila, sem pensar desvarios em vão. Onde ficou tudo? Cadê a esperança e a vontade de fazer acontecer? Todas aquelas palavras, aqueles momentos? Não me responde. A resposta tá com o tempo? Tudo passa? Vou ficar bem? Tudo passa? Até o amor? Me ensina a viver assim, sozinha. Me diz como seguir viagem, como andar pra frente, sem olhar pra trás. Me ensina, mas não me olha, não me dói. Não encosta o teu olhar no meu, teu olhar que não é mais meu. Não faz assim, não mostra o teu sorriso que não sorri mais pra mim. Me ensina a viver, a viver e conseguir te perder. Me mostra como ser eu mesma, a continuar caminhando, sem o teu conforto e teu coração me acompanhando.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Querendo ser

Verdadeiras são as palavras que se desprendem,
Vão saindo sem pedir licença,
Transformando sentimentos em frases,
Explorando devaneios,
Poetizando e sendo vida,

A mim resta apenas refletir,
Querendo ser como as palavras,
Puras poetizas, redentoras do êxtase,
Imensas, tais palavras,
Que satisfazem a alma,
E completam o meu ser.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Para os desinformados

Talvez minha espontaneidade possa transmitir alguma impressão errônea sobre o que realmente sou, talvez não. Mas não se iluda, eu sou, como diria Saint-Exupéry, invisível aos olhos. Eu sou arte, sou natureza, sou além. Eu tenho sede por cultura, por vivência, por ir além. Surpreendentemente tendo a surpreender e a ser surpreendida. Em constante evolução sou intensidade, sou poesia e sou verdade. Que fique bem claro, tenho a alma lépida e, tal como Cecília, creio na potência e na virtude das palavras. “A liberdade das almas, ai! com letras se elabora…”.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Reflexões de uma mochila

Eu ainda estou tonta. Abalada de ter voltado à realidade, de ter acordado do meu sonho. Não messo palavras para dizer que vivi um sonho. Estou atordoada, tentando digerir os momentos, os instantes que alcancei meus objetivos, que beirei a perfeição da felicidade, da intensidade, da plenitude da alma, de fato. Pode parecer exagero, mas uma alma intensa, que anseia por conhecimento, poesia e cultura, vibra a cada minuto, a cada passo com 15 quilos nas costas, a cada encontro com um novo povo, novos lugares, novas paisagens, novo clima, novas pessoas, novas almas em busca de um mesmo objetivo: saciar a sede de tudo, de colocar uma mochila nas costas e viver o mundo, viver o tudo, toda hora. Penso no que escreveriam aqueles grandes poetas que leio, que me inspiram, ao presenciarem o que eu vivi. A imensidão do sagrado Titicaca, o poder do Vale também Sagrado, a imponência do Cañon del Colca, o infinito do salar de Uyuni, a magnitude do deserto de Salvador Dalí e o encanto dos anjos que encontrei por aí. Nós, andarilhos pela América do Sul querendo mais e mais. Nunca imaginei as consequências dessa viagem e agora no conforto do meu próprio quarto me sinto mais longe de casa do que nunca. Por fim, deixo uma frase que nos acompanhou durante todo trajeto, dita por outro mochileiro descendo o Chacaltaya: "o que importa no caminho é a pedra."

Recuerdos de uma mochila - SEGUNDA PARTE

Acordamos e partimos logo para a prática do desapego, ritual que se tornou usual na nossa viagem. Tomar banho e lavar os cabelos com água gelada. Fichinha. A cidade de Santa Cruz traduz o caos na Terra. Supostamente o centro econômico da Bolívia, a cidade se resume em uma rede de aneis mal sinalizados com prédios não totalmente construídos - salvo a região central - onde o som oficial é a buzina dos carros. A cor predominante é o marrom da poeira e nas lojas macacões coloridos, fantasias aparentemente típicas para os blocos do carnaval. Afim de comprar a passagem para La Paz, utilizamos como meio de transporte uma kombi caindo aos pedaços lotada de cholas - mulheres indígenas de cabelos negros e longos, com saias típicas e odor não muito agradável na maioria das vezes - e do pequeno (mais que eu) povo boliviano. Relativamente fácil chegar ao terminal de buses e comprar a passagem no bus "cama" que levaria 18 horas para chegar ao destino final. Tiramos o resto do dia para conhecer o centro, de fato muito bonito, com a típica plaza de armas e a catedral central. Em nosso albergue simples contamos com a ajuda do querido faz tudo (arruma as camas, limpa banheiro, guarda as mochilas, trabalha no balcão, etc) para nos situarmos na cidade. Nosso ônibus saiu as 17h em direção a La Paz. Nesse primeiro dia de viagem, confesso que gastei algum tempo pensando sobre a "exótica" Bolívia que estava vendo, ainda não tinha me apaixonado pelo país, pelo povo, pela cultura. Eu era "verde", as primeiras impressões não foram as melhores e minha mochila ainda estava limpa.
 Igreja na praça central de Santa Cruz de la Sierra

terça-feira, 9 de março de 2010

Recuerdos de uma mochila - PRIMEIRA PARTE

A gente cruzou a porta do aeroporto em direção ao setor internacional. Depois de mais de oito meses planejando, havia chegado o dia. Um mês inteiro, ou melhor, somente um mês, viajando pela América do Sul. Eu, Dudu e Leila, amigos que o destino uniu por acaso e não por acaso permaneceremos para sempre. Os destinos? Bolívia, Peru, Chile e Argentina, cada um com seu encanto. Nada de Europa, nada de América do Norte, e sim o nosso continente, nossos vizinhos, nossos hermanos. De Porto Alegre voamos para São Paulo, onde conseguimos pegar o vôo para Santa Cruz de la Sierra na Bolívia com algumas horas de atraso. Chegamos de madrugada, depois das duas da manhã no aeroporto Viru-Viru, nome também pertencente à mochila da Leila. Pegamos um taxi até o centro da cidade onde iámos nos hospedar, o aeroporto estava alguns quilômetros distante da cidade e a primeira impressão da Bolívia foi meio estranha e vazia demais para descrever aqui. Completamente nervosa, mal pude acreditar que havíamos chegado, depois de um perrengue já no aeroporto com o cara da imigração implicando com a Leila, talvez ela fosse mesmo traficante ou cafetona. Finalmente numa cama, em um albergue simples de Santa Cruz, pude sentir um pouco do que havia começado. Nós três, pela América, pelos cantos e esquinas desse continente, munidos apenas de nossas mochilas, uma garrafa de água, curiosidade imensa e a vontade única de absorver cada segundo dos momentos que iríamos viver. Mal sabia eu, naquela época, como diz um amigo, ainda "verde", que esses próximos dias iriam mudar a minha vida, minha história e a mim mesma.
eu e leila no aeroporto - atraso na viagem