Inspiro.
É a arte que
me tem. Enquanto as ânsias percorrem meus sentidos e encobrem minha visão plana
do real, busco ponderar. É a arte.
Eu poderia
enunciar que não passas de mais um personagem saboroso das fábulas da minha
permanência. Que como tu, muitos passaram, deixando um eflúvio suave sob os
poros da minha pele, páginas e mais páginas de contos estimulantes e vivos.
Poderia manifestar que fazes parte do meu quarto de paixões, como mais uma
lembrança apreciada no fundo de um baú de desejos.
Mentiria.
A arte arrasta
minha alma pelas travessias narrativas do cosmos, abrasando todos os aspectos
das minhas estruturas. Vê-me quente. A arte, com suas desmesuráveis condições e
configurações, com letras, traços e acordes, me tem. Sou pertencida. Cativa das
sensações e caprichos engenhosos desses conhecimentos intuitivos.
De tantas
dúvidas, essa é certeza.
Agora, medito.
Cato compreensões. Sinto sentidos, eles quase me tocam de forma palpável. Tenho
a alma fatigada, é uma jornada custosa. Os significados dançam em meu entorno,
cruzam com seus significantes, parecem desfrutar das minhas dubiedades. Não
renuncio.
Experimento esclarecer.
Ainda não disponho das respostas, porém pressinto alguns cabimentos. Tens algo.
Sim, tua existência é arte, mas tua arte é estranha, desconforme. Fitas-me e
endereças circunstâncias ao meu ser-estar. Atinges-me com as expressões do teu
espírito. Sinto-te como verdade. Tua sapiência e nitidez me envolvem. Contemplo
tua natureza e me cabe conforme.
Que simples
seria mais um causo. Mais palavras rabiscadas no caderno da minha aurora. Vejo
o desacordo, mas não o compreendo. Por que és tão singular? Por que tuas
sensibilizações se misturam com as minhas? Em quais possibilidades existes
dentro de mim? Ai, as sensações.
É a arte que
me tem. Empecilho encontro quando não alcanço os motivos das tuas ocasiões no
íntimo da minha luz-estima. As pinceladas orientam-me ao interior.
Sinto.