O que vem?
"Helena Albuquerque, que inventaste agora? Quando vais voltar pra casa, guria?" As palavras rotineiras de meu avô nas vezes que eu saía a viajar por aí fazem falta nesses dias quentes na aldeia africana de Makineh. Sempre tão preocupado e sem paciência para as minhas aventuras, creio que se estivesse vivo hoje gostaria de saber que estou aqui por causa de seus animais tão amados.
Estou instalada numa cabana afastada da aldeia que minha amiga Kenya fez questão de me "emprestar" por algum tempo. É meio óbvio que não me cobre aluguel, pois a cabana realmente não está em condições básicas para se viver. Mas para tudo dá-se um jeito. Tenho somente três vizinhos. Um casal idoso que juntos devem pesar menos que eu, porém com um coração e esperança maiores que o mundo. E Aynek, amigo do marido de Kenya, Osahon, alguém que ainda não sei se posso confiar.
Sinto falta do meu avô e do conforto no sul, ainda mais com as coisas andando de um jeito bem inesperado aqui no Congo. Descobri que o tal médico austríaco se chama Matsambackers e só. Ao que parece ele é uma pessoa bem difícil de se encontrar. Tenho tentado alguma coisa com Moïse, mas quando ele entendeu meu interesse de descobrir o paradeiro do dito cujo, se afastou repentinamente.
Desse modo tenho passado meus dias quentes na África tentando escapar do sol forte e consertar a minha pequena cabana em Makineh. Kenya está sempre muito ocupada e há pouco descobriu que está grávida. Birrenta como sempre, desatou-se a falar sobre como não deveria colocar mais uma criança em solo africano, devido à óbvia situação. Porém, ao mesmo tempo é delicioso ver seus olhos brilhando ao falar do bebê que está por vir.
As zebras continuam a desaparecer e ouvi dizer que até os filhotes estão sumindo. Dói fundo essa sensação de impotência. O que acalma minha alma nesses dias últimos tempos é o pôr-do-sol que tenho a sorte de apreciar todo final de tarde em frente à cabana, que me lembra o de Porto Alegre. Mas, ver o sol se pôr aqui é realmente indizível, sem igual. O momento favorito do dia, enquanto me sinto mais leve e a esperança parece renascer um pouco enquanto o sol se deita lá no horizonte.
"Helena Albuquerque, que inventaste agora? Quando vais voltar pra casa, guria?" As palavras rotineiras de meu avô nas vezes que eu saía a viajar por aí fazem falta nesses dias quentes na aldeia africana de Makineh. Sempre tão preocupado e sem paciência para as minhas aventuras, creio que se estivesse vivo hoje gostaria de saber que estou aqui por causa de seus animais tão amados.
Estou instalada numa cabana afastada da aldeia que minha amiga Kenya fez questão de me "emprestar" por algum tempo. É meio óbvio que não me cobre aluguel, pois a cabana realmente não está em condições básicas para se viver. Mas para tudo dá-se um jeito. Tenho somente três vizinhos. Um casal idoso que juntos devem pesar menos que eu, porém com um coração e esperança maiores que o mundo. E Aynek, amigo do marido de Kenya, Osahon, alguém que ainda não sei se posso confiar.
Sinto falta do meu avô e do conforto no sul, ainda mais com as coisas andando de um jeito bem inesperado aqui no Congo. Descobri que o tal médico austríaco se chama Matsambackers e só. Ao que parece ele é uma pessoa bem difícil de se encontrar. Tenho tentado alguma coisa com Moïse, mas quando ele entendeu meu interesse de descobrir o paradeiro do dito cujo, se afastou repentinamente.
Desse modo tenho passado meus dias quentes na África tentando escapar do sol forte e consertar a minha pequena cabana em Makineh. Kenya está sempre muito ocupada e há pouco descobriu que está grávida. Birrenta como sempre, desatou-se a falar sobre como não deveria colocar mais uma criança em solo africano, devido à óbvia situação. Porém, ao mesmo tempo é delicioso ver seus olhos brilhando ao falar do bebê que está por vir.
As zebras continuam a desaparecer e ouvi dizer que até os filhotes estão sumindo. Dói fundo essa sensação de impotência. O que acalma minha alma nesses dias últimos tempos é o pôr-do-sol que tenho a sorte de apreciar todo final de tarde em frente à cabana, que me lembra o de Porto Alegre. Mas, ver o sol se pôr aqui é realmente indizível, sem igual. O momento favorito do dia, enquanto me sinto mais leve e a esperança parece renascer um pouco enquanto o sol se deita lá no horizonte.
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