Então eu acordo e tento olhar ao meu redor. Vazio. Um imenso nada de uma cor que não existe. Estou flutuando de uma forma antes pensada impossível, talvez isso seja a gravidade zero. O som também não existe. Não escuto nada, não vejo nada, não sinto nada. Não sinto nada com o tato. Parando para pensar, não possuo tato, não possuo corpo.
O silêncio é, de alguma forma, o poder mais intenso dessa coisa/lugar onde me encontro. Me pergunto se realmente me encontro em algum lugar. Aqui o tempo e a mera existência que somos acostumados não fazem sentido, nem pensam em acontecer. Tento organizar meu pensamento, se é que consigo pensar. Levitação é uma palavra que eu poderia tentar utilizar para descrever essa sensação. Mas, entende, o estado em que me encontro é indizível. Ele, de fato, não existe.
De qualquer maneira cá estou, atônita, tentando decifrar o que estou sentindo (se realmente estou sentindo algo). Êxtase, o cúmulo da paz interior e exterior. Eu e o nada, eu no nada, eu sou nada. Eu sou tudo. Esse vazio de alguma forma está me completando. É como se eu estivesse mergulhada em um mar de algo denso e ao mesmo tempo tão leve como uma brisa. Na verdade eu não estou nesse mar, eu sou esse mar. Não possuo mais matéria. Estou misturada nessa imensidão, partículas, penso que menores que os átomos, que são eu mesma, se fundem nesse grande vazio. Mas espera aí, estou sentindo alguma coisa a mais.
É uma força ainda mais intensa que o silêncio, essa força agora também faz parte de mim. Ela entrou completamente nesse vazio. Agora me sinto, de fato, completa. Não peça para eu explicar, isso não existe, isso é o nirvana da alma. Ah, agora faz sentido.
Sou completa, pois sou só alma. Sou completa pois essa força que chegou é a tua alma. Ápice da veemência nessa utopia. O encontro das almas da forma mais pura que se possa imaginar. Não tenta imaginar, é impossível. O impossível aqui, nesse espaço atemporal é a única coisa possível. O deleite prolongado ao máximo, a alma lépida para sempre.
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