Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Recuerdos de uma mochila - La Paz IV

O dia seguinte foi nosso último dia na "capital" da Bolívia. Levantamos e tomamos um café da manhã tranquilo - pão com geléia e chá de coca. Nossos pulmões já estavam relativamente acostumados com a altitude. Saímos para procurar uma máquina fotográfica, já que a minha havia estragado no Chacaltaya. Os guris nos mostraram um bairro onde eram vendidos aparelhos eletrônicos. Fomos caminhando pela cidade, subindo e se afastando do centro turístico. Chegamos num ponto onde eram vendidas as coisas para os locais. Lá tinham as saias, os sapatos, chapéus e tudo o que as cholas usam. Tentei convencer a Leila a comprar uma saia de chola comigo, mas não rolou. Depois de muito procurar chegamos num bairro bem interessante por assim dizer. Eram como camelôs enormes, mas que vendiam somente eletrônicos. Televisões de plasma, sons, telefones, filmadoras, e por aí vai. Demorei pra encontrar a máquina que resolvi comprar, mas penso que fiz um bom negócio. Não sei se mencionei que o real é bem valorizado na Bolívia, ou seja, as coisas são muito baratas. Nessa hora já havia passado do meio dia e estávamos morrendo de fome. Estávamos voltando para o centro e encontramos os nossos companheiros cariocas e catarinas. O Dudu resolveu comprar um mochilão enquanto todo mundo ia fazendo mais algumas comprinhas. Andamos de um lado para outro até resolver almoçar o prato do dia de um restaurante simples lá no centrão com cardápio escrito em hebraico. O almoço foi ótimo, eu estava com máquina fotográfica de novo, feliz, enchendo o saco dos outros com a minha alegria, tava passando uma tourada na televisão e a gente comeu bem por pouco. Engraçado e divertido? Sempre.
De tarde exploramos mais o marcado das bruxas, hesitei em comprar uma múmia de lhamita para enterrar no terreno de casa, mas não comprei. O colorido daquelas ruelas me surpreendiam a todo instante, é apaixonante. Perambulamos por todos os lados na Calle Sagárnaga tentando encontrar uma passagem barata para Copacabana, na beira do lago Titicaca, nosso próximo destino. Encontramos. Ainda fomos no banco, nas casas de câmbio e no el prado, uma rua mais chique, por assim dizer, da cidade.
De volta no albergue ficamos batendo papo com o pessoal de Brasília que iria embora no outro dia. Na verdade quase todos estavam indo embora no outro dia. Arrumamos as coisas no quarto e descansamos um pouco - fazendo bobagens, brincando, discutindo e se não eu ou a Leila, sempre o Dudu rindo. Ele estava meio que completamente de ressaca então nem jantou, eu e a Leila comemos um mega sanduiche com papas fritas assistindo o casal sueco jogar um estranho jogo de cartas. Todos os dias e todo o tempo o casal estava jogando cartas. Vício. De noite teve uma festa a fantasia no albergue e foi muito engraçado ver o pessoal fantasiado. Nossa última noite foi certamente marcada por dois malas que encontraram nosso grupo brasileiro. Um carioca - de Niterói merrrmão e um mineiro que estavam podre de bêbados e só nos fizeram rir. A primeira parte da viagem havia chegado ao fim, foi meio nostálgico e triste me despedir dos primeiros amigos, anjinhos que encontramos na viagem. O mochilão é feito de pequenos momentos, dos lugares que visitamos, das sensações que sentimos e das pessoas que conhecemos. Naquela noite agradeci, como todos os dias, mas especialmente pelo início perfeito que tivemos na nossa viagem. E ela estava apenas começando.

2 comentários:

Jeferson Cardoso disse...

Excelente post, que bom compartilhar conosco.
Boa semana.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

Anônimo disse...

com esse monte de experiências, por um momento achei que uma outra forma de elaboração na hora de contar enriqueceria ainda mais o diário. mas, não, o teu relato está muito gostoso de ler, parece que viajamos juntos com as imagens que se criam na cabeça a cada linha. escreveste o começo da viagem, e o resto? espero.