Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Recuerdos de uma mochila - Indo para La Paz

A viagem para La Paz merece um post especial. Do pequeno hostel em Santa Cruz de la Sierra partimos para o Terminal de Buses numa kombi caindo aos pedaços, lotada, repleta, cheia de cholas e pequenos bolivianos mais nós 3 e nossas mochilas. Posso dizer que esse trajeto foi nossa primeira aventura, uma pobre boliviana levou várias mochiladas na cara, uma criancinha cholita quase levou embora o macaco da minha bolsa e eu ainda não sei como conseguimos sair daquela kombi e como não morremos asfixiados ou esmagados, ou sei lá.
No terminal corremos para onde o onibus iria sair com nossas mochilas e sem saber que tinha que pagar uma taxa de embarque. Nessa hora encontramos os primeiros mochileiros que nos deram uma mão, explicaram onde tínhamos que pagar (esse é um costume normal lá, pagar uma pequena taxa de embarque) e onde deixar as mochilas, no balcão da companhia do nosso ônibus. Bom, a gente tinha pagado um pouco mais para ter um bus super bacana, dois andares, com só três poltronas por fila, afinal eram 18 horas até La Paz nas estradas bolivianas subindo a serra/cordilheira/montanhas, enfim, subindo. Os nossos lugares eram lá no final do corredor, estávamos achando o máximo............. Até começar a viagem.
No entardecer a paisagem era comum, nos arredores de Santa Cruz, eu estava na janela e quando fui deitar a minha poltrona bus cama, descobri que ela tava estragada e ficava subindo. Sim, ela deitava e aos poucos ia voltando pra posição inicial. Ela não ficava deitada. 18 horas de viagem. A poltrona não ficava deitada. Deu pra entender?
Quando anoiteceu, tudo mudou. Cholas e bolivianos começaram a entrar no ônibus e a se sentar e deitar no corredor. A Leila acordou com um boliviano - que ficou conhecido como Lhama - deitado no nosso lado, comendo nossas bolachas. A parada da noite pode ser resumida em uma palavra: bizarra. Era uma construção não totalmente construída, com umas cholas vendendo alguma gororoba numa panela, uma banquinha (ainda bem) com refri e bolachas e um "banheiro", que tinha que pagar pra usar, obviamente. Essa parte que chamavam de "baño" era uma sala com cabines com um buraco no chão. Aham, um buraco no chão. A Leila tem fotos. Tomamos uma coca, compramos algumas "oreos" e outras bolachas e observamos, refletimos um pouco. Estávamos apavorados no bom e no mal sentido.
Troquei de lugar com o Dudu pra descobrir que a poltrona dele também subia de volta, não tanto quanto a minha, então deu pra dar uma dormida. Costumávamos dizer que tínhamos "nascido pra isso" e que o soroche, o mal da altitude, não iria nos afetar. Não sentimos a subida, mas na manhã do dia seguinte a paisagem era deslumbrante! Estávamos em meio a montanhas, passando por penhascos e o sol batia nelas e o tom dourado era incrível. E a subida continuava.... Passamos por inúmeros povoados marrons só com EVO escrito nas paredes e pelos famosos gasodutos da Bolívia. Eu comecei a sentir um pouco de dor de cabeça e a Leila já estava mais pra lá do que pra cá. A segunda parada foi um pouco melhor, era perto de um povoado e a Leila vomitou, hehe. Chegamos a conclusão que tínhamos nascido mais ou menos pra isso. O Dudu tentou dar um caô na chola da venda e ela chingou ele em português. Bem feito. Já estávamos um trapo e ainda tinha mais algumas horas de viagem. A paisagem era tipo dos campos de cima da serra e o Dudu e a Leila já tinham avistado umas lhamas ou alpacas, eu ainda não. Não aguentávamos mais comer bolachas........... seguíamos viagem.
La Paz fica num vale, rodeada de montanhas e picos nevados. O centro e a parte rica da cidade ficam lá embaixo e as construções mais pobres, algo como favelas iam subindo "o morro" e lá em cima, antes de descer, fica uma cidade relativamente nova, a 4.100 metros de altitude, El Alto. A cidade é repleta de construções não acabadas e extremamente marrom. O trânsito pra variar é um caos e a buzina domina.
Depois de mais de 19 horas no bus, chegamos a La Paz. Fomos descendo, entrando no vale, a visão espetacular daquela enorme cidade no meio das montanhas. O Dudu e a Leila viram neve pela primeira vez de longe. Completamente tontos tivemos que descer entre vários ônibus chegando e saindo. Cambaleamos até um taxi e demos o endereço do Loki Hostel. Finalmente na querida La Paz, a 3.660 metros acima do nível do mar.
 Subindo - Baño
 cansados, sujos e tontos - indo para La Paz

Um comentário:

Unknown disse...

aii essa latrina, me deu até saudade da China hahaha. Tá lindo amiga!