com um mês de atraso, mas merece ficar registrado:
Eu vi o túmulo do Alexandre Dumas. Eu comi
foie gras. Eu vi "A Liberdade guiando o povo". Eu vi o túmulo do Allan
Kardec. Eu fui onde morava a Maria Antonieta. Eu comi escargot. Eu fui
no castelo de Seráfia. Eu subi na Torre Eiffel. Eu vi o código de
Hamurabi. Eu vi o "Quarto em Arles". Eu comi créme brulée. Eu sentei e
fiz piqueniques em lugares simplesmente fantásticos, cenários de
quadros, filmes e livros reais, e da
minha imaginação. Eu vi uma amiga que eu não via há 10 anos. Eu passeei
na beira do Sena. Eu toquei nas pirâmides do Louvre. Eu fui na Rue
Mouffetard. Eu conheci pessoas muito especiais. Eu vi as gárgulas de
Notre-Dame. Eu comi crepe de nutella numa esquina simpática qualquer.
Mais de uma vez. Eu fui no jardim de Monet. Eu apreciei e refleti em
cada momento, cada esquina, cada imagem incrível. E mais, bem mais. Lá
se foram os meus primeiros 10 dias em Paris. Eu to muito cansada, vou
voltar pra Grenoble ainda mais cansada do que antes. Mas acabei de viver
10 dias inesquecíveis e realizei milhares de pequenos sonhos, to feliz.
Obrigada, família, amigos, mãe, pai, papai do céu e vida. Eu conheci
Paris e fiz, vi e vivi TUDO que eu queria. :)
Pensaleiro. Escrever poesia. Poetizar a escrita. Pensar ideias. Idealizar pensamentos. Pensaria.
Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Les 3 mois
Hoje completo 3 meses de França, quase 3 meses de Grenoble. Numa segunda-feira, 27 de novembro de 2006, eu escrevi sobre os meus primeiros 3 meses no meu intercâmbio nos Estados Unidos. Lendo aquele texto me vejo com 16 anos, cometendo ainda mais erros gramaticais que hoje, jovem, imatura em diversos aspectos, mas com pensamentos que formam quem eu sou até hoje. Hoje, madrugada do dia 23 de novembro de 2012, 6 anos depois, lendo aquele texto, vejo como mudei, como cresci, como amadureci mas, principalmente, como sigo sentindo as mesmas coisas e sendo completamente a mesma pessoa. Aquelas primeiras impressões da minha primeira grande viagem internacional forjaram muito do que eu sou hoje. Fico com o coração quente e confortável em pensar como a Bebeth de 16 anos ficaria feliz em saber que, 6 anos depois, eu/ela estaria vivendo algo ainda mais intenso e enriquecedor como o intercâmbio nos Estados Unidos. As pessoas me perguntam porque quero ficar. Ora, os motivos são intermináveis. Sentada na minha cama na frente do computador, hoje lembro e penso em tudo que vivi nesses 3 meses. Tudo que conheci, tudo que senti, todas as pessoas que conheci, lugares que visitei, momentos inesquecíveis que passei, sentimentos com uma intensidade incrível que senti, tudo que eu aprendi, todas as histórias que vivi e tudo que ainda vou aprender e todas as histórias que ainda vou viver. O coração acelera, bate mais forte, o corpo fica quente, a gente fica mais leve. Com certeza não é fácil. É a primeira vez que estou morando sozinha, tendo que me virar pra limpar a casa, lavar roupa, cozinhar e fazer sobrar mês no fim do dinheiro. Francês não é inglês e as aulas não são fáceis. Sou obrigada a ser responsável sozinha, a estudar, a manter meus horários, a cumprir minhas obrigações sem a Rosa Maria gritando "ANA ELIZABETH, TROCA O LENÇOL DA TUA CAMA!!" Estou vivendo pela primeira vez sem a ajuda da minha mãe e nenhuma outra mãe (Kim e Joanne, amo vocês). Eu inventei de estudar latim e alemão EM FRANCÊS. Eu subo uma montanha todos os dias. Eu já morri de rir, já sofri, já chorei, já fiquei bêbada, já gostei demais, já odiei, já pensei duas vezes, já não pensei, já vibrei, já me irritei, já fui a pessoa mais triste do mundo e, o melhor, já me senti a pessoa mais feliz do mundo, diversas, diversas vezes. Como eu falo da Grécia, isso que eu estou vivendo é um sonho. Não é só a realização de um sonho, mas é literalmente um sonho. Uma vida onde tudo é novidade, onde tu aprende EM CADA SEGUNDO que tu vive, onde tu não cansa nunca, onde tudo vale a pena, onde o frio na barriga é uma sensação constante, onde cada passo é um desafio, onde não existe tempo para ficar entediada, onde se respira cultura, onde cada pequena conquista tem o sabor da melhor vitória, onde a intensidade reina e faz esses 3 meses entrarem na lista dos melhores meses da minha vida. Estou em constante evolução pessoal. Já disse por aqui várias vezes que a única certeza que nutro na alma é a possibilidade de sempre, sempre aprender. A diferença é que em Porto Alegre, ou em Bagé, eu levo uma certa quantidade de tempo para aprender uma determinada parcela de alguma coisa qualquer. Numa viagem, num intercâmbio, numa experiência dessa intensidade, esse tempo é reduzido MUITAS, MUITAS VEZES. A cabeça dói de tanta informação, tanta reflexão, tanto pensamento passeando na tua mente. Não é fácil, mesmo. A saudade dói, penso todos os dias nos meus sobrinhos, na minha família, sinto muita falta das minhas amigas, de comer um sushi, de estar perto da minha mãe e dos meus irmãos. Mas eu sei que todos que eu amo estão felizes por me verem realizada por aqui. E, de alguma forma muito estranha, sei que vivendo e aproveitando cada segundo dessa etapa da minha vida, ela está me dando muitas respostas que vão me ajudar nas minhas próximas caminhadas. Hoje, lendo nesse blog um texto de 6 anos atrás, me pergunto onde eu estarei em 2018... e tenho borboletas no estômago e uma sensação muito boa. Que venham os próximos meses!
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Mes chers voisins
Um dia eu preciso sentar e colocar pra fora todas as minhas reflexões sobre o termo "vizinhança". Uma das coisas mais interessantes que eu to vivendo aqui em Grenoble é morar numa residência universitária. Ao mesmo tempo que moro sozinha, eu divido cozinha, banheiro, biblioteca e lavanderia com outras sei lá quantas centenas de pessoas. É uma coisa muito diferente. É como nunca estar verdadeiramente sozinho. Sempre tem alguém batendo na tua porta, te oferecendo comida, perguntando como foi o teu dia no corredor, te convidando pra fazer alguma coisa. De manhã cedo, quando tu sai pra ir no banheiro com AQUELA cara, tu encontra um vizinho com a cara pior ainda. Ainda mais interessante é essa vizinhança ser completamente internacional. Tem de tudo. Tem os chineses que moram, mesmo, na cozinha, e, estão, incrivelmente, em todos os andares. Tem os ingleses do segundo andar. Tem os mexicanos e os colombianos do primeiro andar. Tem os holandeses do quarto andar. Os europeus (alemães, holandeses, húngaros, gregos, etc) do terceiro andar. Os Backstreet Boys do quinto andar.... e por aí vai. Aqui no meu andar (e no 3º) tem algumas das minhas melhores amigas de Grenoble. Sabe como é bom tu acordar, colocar a pantufa e bater no quarto da tua amiga, pegar as coisas e ir pra cozinha ficar fofocando durante todo o almoço? Ou na segunda-feira, dia de marcar pra lavar roupa, onde o prédio inteiro toma as escadas e fica conversando na fila. Ou na quarta-feira, ir pro foyer com os vizinhos só pra jogar um pouco de sinuca ou de babyfoot. Ou na sexta, depois que o foyer fecha, que tu vê grupos de pessoas caminhando pelos corredores procurando um after-party numa chambre qualquer.. Tu escuta no mínimo 4 idiomas por dia (português, francês, inglês e provavelmente espanhol, alguma língua asiática ou germânica...). O pessoal combina de fazer crepe no domingo e a cozinha no primeiro andar fica lotada. O pessoal vai fazer festa no quarto do colombiano e viram a cama e transformam o lugar numa boate. Tu termina a noite falando sei lá qual idioma no terraço morrendo de frio. Tu faz amigos lavando roupa. Tu sobe a montanha sempre com alguém diferente. Quando tu tá afim de bater um papo, é só deixar a porta do quarto aberta que aparece alguém. Pra conversar, pra cozinhar, pra ver um filme, pra te escutar, pra te fazer te sentir menos distante de casa. Sério, os melhores amigos que fiz aqui em Grenoble são os meus vizinhos, eu tenho muita sorte e sou muito feliz por isso.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
"a cidade precisa de um espaço de afeto"
Nunca me senti confortável em me posicionar politicamente,
principalmente quando fui morar em Porto Alegre. Cresci numa pequena
cidade, enraizada nos pensamentos antigos e nos mitos de outrora. Meus
pensamentos eram completamente apegados a uma só visão, um só partido.
Por sorte, estudo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, no
auge dos meus 20 e poucos anos, já vivi e vi muita coisa na vida. Minha
bagagem - ouso afirmar, é grande e pesada. Em 5 anos morando na capital
do meu estado pude aprender mais do que nos 16 anos vividos na pacata e
provinciana Bagé - que, por mais alienada e repleta de opiniões mal
elaboradas que seja -, eu ainda nutro um carinho enorme.
A
Universidade de decepcionou de diferentes maneiras. Mas, de qualquer
forma, ela me deu o presente mais importante para a minha evolução: a
possibilidade de ver o mundo com a mente e coração abertos. Em 3 anos de
UFRGS, conversei, escutei, refleti, imaginei, pensei, parei para
observar tudo o que se passava ao meu redor, e não só o que acontecia na
província. Eu viajei, eu cresci, eu aprendi e, eu mudei. Hoje ainda não
quero estar presa no eterno mundo dualista direto e esquerdo. Mas sei
onde me encontro e onde quero estar.
Estou junto dos meus amigos que, indignados e sem mais paciência de assistir sentados frente à televisão os acontecimentos do mundo, resolveram colocar a mão na massa. Tenho, junto com eles, uma publicação independente. Feita completamente sem recursos, sem dinheiro, ela mal consegue sobreviver. Mas ela vive, há mais de um ano, com paixão, com orgulho, com luta, com a ajuda das histórias que precisam ser contadas, com as lições do passado, com o questionamento dos dias atuais, com a eterna reflexão das circunstâncias e com o sonho querido de fazer um jornalismo baseado na verdade e na verdade do povo, perto das pessoas como a gente, longe de toda opressão das organizações que beneficiam somente alguns poucos privilegiados.
Nunca pensei que iria precisar parar e escrever sobre esse assunto. Hoje estou longe de Porto Alegre, mas o que está acontecendo lá me afeta completamente. Quem me conhece, sabe. Eu respiro cultura, em todos os sentidos. Já nem sei quantas vezes escrevi essa frase. Aprender línguas, conhecer pessoas diferentes, apreciar a arte, viver experiências que valham a pena e que as minhas histórias possam tocar as outras pessoas, isso é o principal na minha existência.
Hoje vejo Porto Alegre, a cidade que me recebeu de braços abertos e me ajudou a evoluir tanto, machucada. A cidade, tão ativa culturalmente, está sendo afastada da sua forma mais pura da cultura, a do povo. Demorei muito para aprender o real significado dessa palavra, povo, até, finalmente, eu me dar conta que eu também sou o povo. Então hoje me sinto responsável por mim mesma, e pelos meus irmãos, todos sendo afetados pelos últimos acontecimentos em Porto Alegre.
Ontem o povo votou. A maioria segue enraizada nos princípios arcáicos das grandes organizações e com o eterno medo de mudar. Mas eu não escrevi até aqui para falar sobre isso.
Semana passada o povo resistiu em Porto Alegre. Esse vídeo em anexo mostra um pouco do que está acontecendo na cidade. É estranha essa ironia de que nos piores momentos, nascem as melhores iniciativas. A resistência a favor da cultura livre vive em Porto Alegre, e cresce a cada dia.
Sinto muito orgulho de ver a vontade de mudança aumentar nos coletivos, nas manifestações, nas iniciativas independentes como a Defesa Pública da Alegria, como o Jornal Tabaré, como o Cidade Baixa em Alta e tantos outros. Sinto orgulho de estar fazendo parte disso, com a Revista Bastião. Fico ainda mais feliz pessoalmente, de me ver refletindo sobre todos esses aspectos e sentir que, apesar do longo caminho que ainda preciso traçar, e todas as coisas que ainda preciso aprender, continuo evoluindo e aprendendo constantemente. (Obrigada amigos e todos aqueles que me fazem pensar.)
Apesar dos resultados das eleições, Porto Alegre ainda respira, ainda encontra esperança na expressão cultural mais pura, mais alegre, mais poderosa que existe, a alegria.
Estou junto dos meus amigos que, indignados e sem mais paciência de assistir sentados frente à televisão os acontecimentos do mundo, resolveram colocar a mão na massa. Tenho, junto com eles, uma publicação independente. Feita completamente sem recursos, sem dinheiro, ela mal consegue sobreviver. Mas ela vive, há mais de um ano, com paixão, com orgulho, com luta, com a ajuda das histórias que precisam ser contadas, com as lições do passado, com o questionamento dos dias atuais, com a eterna reflexão das circunstâncias e com o sonho querido de fazer um jornalismo baseado na verdade e na verdade do povo, perto das pessoas como a gente, longe de toda opressão das organizações que beneficiam somente alguns poucos privilegiados.
Nunca pensei que iria precisar parar e escrever sobre esse assunto. Hoje estou longe de Porto Alegre, mas o que está acontecendo lá me afeta completamente. Quem me conhece, sabe. Eu respiro cultura, em todos os sentidos. Já nem sei quantas vezes escrevi essa frase. Aprender línguas, conhecer pessoas diferentes, apreciar a arte, viver experiências que valham a pena e que as minhas histórias possam tocar as outras pessoas, isso é o principal na minha existência.
Hoje vejo Porto Alegre, a cidade que me recebeu de braços abertos e me ajudou a evoluir tanto, machucada. A cidade, tão ativa culturalmente, está sendo afastada da sua forma mais pura da cultura, a do povo. Demorei muito para aprender o real significado dessa palavra, povo, até, finalmente, eu me dar conta que eu também sou o povo. Então hoje me sinto responsável por mim mesma, e pelos meus irmãos, todos sendo afetados pelos últimos acontecimentos em Porto Alegre.
Ontem o povo votou. A maioria segue enraizada nos princípios arcáicos das grandes organizações e com o eterno medo de mudar. Mas eu não escrevi até aqui para falar sobre isso.
Semana passada o povo resistiu em Porto Alegre. Esse vídeo em anexo mostra um pouco do que está acontecendo na cidade. É estranha essa ironia de que nos piores momentos, nascem as melhores iniciativas. A resistência a favor da cultura livre vive em Porto Alegre, e cresce a cada dia.
Sinto muito orgulho de ver a vontade de mudança aumentar nos coletivos, nas manifestações, nas iniciativas independentes como a Defesa Pública da Alegria, como o Jornal Tabaré, como o Cidade Baixa em Alta e tantos outros. Sinto orgulho de estar fazendo parte disso, com a Revista Bastião. Fico ainda mais feliz pessoalmente, de me ver refletindo sobre todos esses aspectos e sentir que, apesar do longo caminho que ainda preciso traçar, e todas as coisas que ainda preciso aprender, continuo evoluindo e aprendendo constantemente. (Obrigada amigos e todos aqueles que me fazem pensar.)
Apesar dos resultados das eleições, Porto Alegre ainda respira, ainda encontra esperança na expressão cultural mais pura, mais alegre, mais poderosa que existe, a alegria.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
ne pas oublier
coisas que eu não posso esquecer de escrever sobre:
- como eu amo a minha montanha
- como é bom o sentimento de se sentir confy em casa, like home, mesmo
- como pode as pessoas federem tanto
- como é fácil latim
- como é interessante refletir e ver que eu julgo demais
- como é bom conhecer pessoas novas
- como é divertido fugir de brasileiros, rs
- como é bom aprender de verdade
- como é bom estudar em grenoble
- como é viver num lugar com banheiro turco (SIM)
- como pode a língua francesa ficar cada dia mais bonita
- como a frança realmente nunca vai ser a grécia
- como eu amo a grécia de um jeito que eu nunca imaginei que poderia amar um lugar, uma cultura
- como eu vivo constantemente comparando os povos
- como é bom estudar linguística
- como é bom notar e refletir (mesmo no terceiro intercâmbio) sobre as diferenças e semelhanças entre os povos
- como é bom ver que na verdade, mais do que nacionalidades, cada pessoa é uma pessoa
- como é ridículo que as pessoas conseguem sujar TANTO e na CARA DURA um banheiro compartilhado
- sério, como conseguem?
- como eu queria que os asiáticos se integrassem mais
- como eu sou feliz comigo mesma
- como eu amo o meu quarto
- como eu to feliz
- como eu to com saudade de ver seriados
- como eu penso todos os segundos nos meus sobrinhos
- como é bom estudar línguas
- como eu queria uma bicicleta
- como eu sou preguiçosa
- como eu adoro minhas novas(os) amigas(os)
- como a vida é boa
- como é bom realizar sonhos
- como é bom viver um sonho
- como é bom sonhar
- como eu amo a minha montanha
- como é bom o sentimento de se sentir confy em casa, like home, mesmo
- como pode as pessoas federem tanto
- como é fácil latim
- como é interessante refletir e ver que eu julgo demais
- como é bom conhecer pessoas novas
- como é divertido fugir de brasileiros, rs
- como é bom aprender de verdade
- como é bom estudar em grenoble
- como é viver num lugar com banheiro turco (SIM)
- como pode a língua francesa ficar cada dia mais bonita
- como a frança realmente nunca vai ser a grécia
- como eu amo a grécia de um jeito que eu nunca imaginei que poderia amar um lugar, uma cultura
- como eu vivo constantemente comparando os povos
- como é bom estudar linguística
- como é bom notar e refletir (mesmo no terceiro intercâmbio) sobre as diferenças e semelhanças entre os povos
- como é bom ver que na verdade, mais do que nacionalidades, cada pessoa é uma pessoa
- como é ridículo que as pessoas conseguem sujar TANTO e na CARA DURA um banheiro compartilhado
- sério, como conseguem?
- como eu queria que os asiáticos se integrassem mais
- como eu sou feliz comigo mesma
- como eu amo o meu quarto
- como eu to feliz
- como eu to com saudade de ver seriados
- como eu penso todos os segundos nos meus sobrinhos
- como é bom estudar línguas
- como eu queria uma bicicleta
- como eu sou preguiçosa
- como eu adoro minhas novas(os) amigas(os)
- como a vida é boa
- como é bom realizar sonhos
- como é bom viver um sonho
- como é bom sonhar
domingo, 2 de setembro de 2012
Certains faits françaises
Donc, voilá! Estou na França. Nesses últimos 11 dias venho observando várias coisas. Não tive o tempo suficiente para anotar tudo que se passa na minha cabeça, mas alguns pequenos fatos ficaram marcados.
-Lyon é demais. A terceira maior cidade da França, que possui ruínas romanas e costumava ser a capital da antiga Gália, marcou com chave de ouro o início de mais uma história na minha vida. Ela é cortada por dois rios enormes, o Rhône (que dá nome a região Rhône-Alpes) e o Saône (a pronúncia é Sône). Os dois possuem margens de deixar o Puerto Madero com ciúmes. Tudo arborizado, lindo, limpo, com ciclovias, passagem para pedestres, bares, feiras e coisas boas. A cidade possui um sistema impecável de aluguel de bicicletas. Andamos por tudo lá só de bici. Super prático e delicioso. Em cada esquina ou margem de Lyon, a vista era de tirar o fôlego, especialmente no topo da colina onde fica a Basilique Notre Dame de Fourvière, talvez a atração principal da cidade. Ao pé da colina fica a Vieux Lyon, com suas ruelas apertadas e seus bares abarrotados de turistas, o que não deixa de ser uma coisa boa.
-Foi a primeira vez que fiquei tantos dias num hostel, foram 7 noites. O nosso Cool & Bed hotel for backpackers nos recebeu muito bem. O lugar era muito limpo, moderno e legal. Os hóspedes também. Tivemos a sorte de estar em Lyon durante uma super mega ultra conferência internacional de educação em medicina, então acabamos conhecendo vários estudantes que são médicos. Em especial nossos queridos amigos slovenos. Eram 3 estudantes da segunda maior universidade do país (que só tem duas). Inteligentes e super engraçados, as conversas com eles me relembraram de uma das melhores coisas de um intercâmbio: o intercâmbio. Aquelas conversas onde tu ri e aprende muito, onde tu conhece mais sobre um país que tu nunca tinha parado pra pensar, onde tu reflete sobre o teu próprio país, onde tu busca respostas para perguntas que tu nem imagina que poderiam existir, onde a troca de experiências é como fogos de artifício onde tem muita coisa pra captar, aprender e compartilhar. Show de bola. Conversa interessante assim também tivemos com nossa outra querida amiga de Barcelona, bem catalã e hipster assumida, Rosa. E graças a Conferência, também encontramos um gaúcho de Porto Alegre para nos lembrar um pouco das boas pessoas de POA. Lá também encontramos canadenses, um australiano, um turco, americanos and so on.
-Infelizmente e para o meu eterno prazer, falamos muito em inglês por lá. A maioria dos estrangeiros não falava muito bem francês, então sempre acabávamos na língua universal. Eu amo o francês, mas não adianta, não há nada como se expressar em inglês. Em compensação, me virei bem no francês, eu acho. Conseguia entender 97% das frases, só na hora de responder eu me atrapalhava toda (ainda me atrapalho).
-Achei os franceses muito educados. Nenhum nos negou informação alguma. Penso que o fato de sempre nos dirigirmos a eles em francês ajudou bastante. Em Lyon, pelo menos, não conheci nenhum francês muito fedorento. Os franceses carregam seus bebês de formas muito interessantes. Quase não se vê carrinho regular de crianças por aqui. Os pais carregam seus filhotes em bolsas nas costas, no peito, na cintura... em tudo que é lugar. O mais divertido é que, impressionantemente, não vi nenhum bebê chorando enquanto passeavam nessas estranhas posições. Todos iam muito tranquilos montados nos seus pais, coisas mais bonitinhas. Imagino minha irmã carregando meu sobrinho Henrique numa bolsa embaixo do braço, risos.
-Convivendo com o Marcel e a Natasha, marinheiros de primeira viagem em viagens longas (risos), pude refletir muito sobre as minhas experiências. Ver no olhar dos meus amigos a descoberta do início de uma vida de intercambista, com toda cultura, felicidade e aprendizado que só um intercâmbio pode proporcionar, foi show de bola. Vi nascer neles o encanto que a troca de experiências proporciona e vi que essa sensação única que só um intercambista, ou um viajante sente, é a mesma (apesar de única em cada momento) não importa quantas vezes se faça isso.
-Hoje foi (já) o meu quarto dia em Grenoble. Tenho MUITA coisa a dizer sobre as primeiras impressões da minha nova vida francesa em Gre. Mas agora to cansada, fica pra amanhã (ou depois).
-Lyon é demais. A terceira maior cidade da França, que possui ruínas romanas e costumava ser a capital da antiga Gália, marcou com chave de ouro o início de mais uma história na minha vida. Ela é cortada por dois rios enormes, o Rhône (que dá nome a região Rhône-Alpes) e o Saône (a pronúncia é Sône). Os dois possuem margens de deixar o Puerto Madero com ciúmes. Tudo arborizado, lindo, limpo, com ciclovias, passagem para pedestres, bares, feiras e coisas boas. A cidade possui um sistema impecável de aluguel de bicicletas. Andamos por tudo lá só de bici. Super prático e delicioso. Em cada esquina ou margem de Lyon, a vista era de tirar o fôlego, especialmente no topo da colina onde fica a Basilique Notre Dame de Fourvière, talvez a atração principal da cidade. Ao pé da colina fica a Vieux Lyon, com suas ruelas apertadas e seus bares abarrotados de turistas, o que não deixa de ser uma coisa boa.
-Foi a primeira vez que fiquei tantos dias num hostel, foram 7 noites. O nosso Cool & Bed hotel for backpackers nos recebeu muito bem. O lugar era muito limpo, moderno e legal. Os hóspedes também. Tivemos a sorte de estar em Lyon durante uma super mega ultra conferência internacional de educação em medicina, então acabamos conhecendo vários estudantes que são médicos. Em especial nossos queridos amigos slovenos. Eram 3 estudantes da segunda maior universidade do país (que só tem duas). Inteligentes e super engraçados, as conversas com eles me relembraram de uma das melhores coisas de um intercâmbio: o intercâmbio. Aquelas conversas onde tu ri e aprende muito, onde tu conhece mais sobre um país que tu nunca tinha parado pra pensar, onde tu reflete sobre o teu próprio país, onde tu busca respostas para perguntas que tu nem imagina que poderiam existir, onde a troca de experiências é como fogos de artifício onde tem muita coisa pra captar, aprender e compartilhar. Show de bola. Conversa interessante assim também tivemos com nossa outra querida amiga de Barcelona, bem catalã e hipster assumida, Rosa. E graças a Conferência, também encontramos um gaúcho de Porto Alegre para nos lembrar um pouco das boas pessoas de POA. Lá também encontramos canadenses, um australiano, um turco, americanos and so on.
-Infelizmente e para o meu eterno prazer, falamos muito em inglês por lá. A maioria dos estrangeiros não falava muito bem francês, então sempre acabávamos na língua universal. Eu amo o francês, mas não adianta, não há nada como se expressar em inglês. Em compensação, me virei bem no francês, eu acho. Conseguia entender 97% das frases, só na hora de responder eu me atrapalhava toda (ainda me atrapalho).
-Achei os franceses muito educados. Nenhum nos negou informação alguma. Penso que o fato de sempre nos dirigirmos a eles em francês ajudou bastante. Em Lyon, pelo menos, não conheci nenhum francês muito fedorento. Os franceses carregam seus bebês de formas muito interessantes. Quase não se vê carrinho regular de crianças por aqui. Os pais carregam seus filhotes em bolsas nas costas, no peito, na cintura... em tudo que é lugar. O mais divertido é que, impressionantemente, não vi nenhum bebê chorando enquanto passeavam nessas estranhas posições. Todos iam muito tranquilos montados nos seus pais, coisas mais bonitinhas. Imagino minha irmã carregando meu sobrinho Henrique numa bolsa embaixo do braço, risos.
-Convivendo com o Marcel e a Natasha, marinheiros de primeira viagem em viagens longas (risos), pude refletir muito sobre as minhas experiências. Ver no olhar dos meus amigos a descoberta do início de uma vida de intercambista, com toda cultura, felicidade e aprendizado que só um intercâmbio pode proporcionar, foi show de bola. Vi nascer neles o encanto que a troca de experiências proporciona e vi que essa sensação única que só um intercambista, ou um viajante sente, é a mesma (apesar de única em cada momento) não importa quantas vezes se faça isso.
-Hoje foi (já) o meu quarto dia em Grenoble. Tenho MUITA coisa a dizer sobre as primeiras impressões da minha nova vida francesa em Gre. Mas agora to cansada, fica pra amanhã (ou depois).
terça-feira, 31 de julho de 2012
Terminou
Bom, chegou a hora.
Hoje foi meu último dia aqui na Rádio. Eu queria agradecer a todos vocês por terem feito da minha experiência aqui algo tão especial e importante. Eu aprendi muito aqui e tenho certeza que evoluí muito como profissional e como pessoa. Mas, o principal presente que a Gaúcha me deu vai muito além disso. É impossível descrever a felicidade que eu sinto de poder ter convivido com pessoas tão bacanas, especiais e ótimos profissionais como vocês. Pessoas que me ajudaram, que riram comigo, que me ensinaram coisas, que viraram meus amigos. O pessoal do turno da manhã, que mesmo eu só indo às vezes, eram sempre muito atenciosos com o site e comigo. O pessoal do turno da tarde, onde passei a maior parte do tempo e aprendi muito, da mesma forma. O pessoal do turno da noite, mais tranquilo, com as jantas e pedindo comida, rs. O pessoal do esporte, que eu guardo um carinho muito especial, sempre me trataram super bem e normalmente fazendo a gravação do pré-jogo ou jogo rápido ser a parte mais divertida do dia. As gurias da recepção, sempre nos recebendo com carinho. O pessoal da técnica e dos outros setores que troquei muitos emails também. E, principalmente, a minha pequena grande equipe do site. Michelle, Natália, Gabriela (e agora o Nélio): escrevi já no relatório, mas digo de novo: vocês são demais, eu desejo todas as melhores coisas do mundo pra vocês e pro nosso querido site, sou muito feliz por ter passado todo esse tempo com vocês! Obrigada por tudo!!!!
ENFIM, eu sou uma pessoa muito emotiva e dou muito valor às pequenas coisas. Além de ter podido trabalhar na maior e melhor rádio do RS, com super feras do jornalismo, eu conheci pessoas e histórias muito especiais, que me fizeram muito bem. Sou muito grata a todos vocês por isso e desejo a vocês tudo de melhor na vida e no trabalho.
A maioria do pessoal ja sabe, mas estou saindo para ir morar um tempo na França, estudar lá. Quem me conhece sabe como isso me deixa feliz. Saio daqui com o coração apertado mas pronta para uma nova etapa da vida. Venham me visitar! :)
Mais uma vez, obrigado a todos, TODOS vocês!!!!! E desculpem qualquer coisa!
Espero que esse email seja mesmo somente um até logo e que a gente se encontre de novo por aí (ou por aqui)!
Beijos com carinho da Ana de Bagé <3
domingo, 29 de julho de 2012
Imagina só
Penso que é impossível entender essa ligação muito louca e forte que uma pessoa é capaz de ter com um personagem... É incrível o poder da imaginação, da mente, do coração, do sonho, sei lá... A realidade é tão sem graça. Fico dividida entre as pessoas que vivem sem essa sensação e o prazer dessa ligação. Mas até que ponto viver uma história que não é real faz sentido? Até que ponto a vida fica lá fora enquanto nos prendemos à imaginação? Só de pensar dói, mas aquece o coração e dá a força necessária para acreditar que os sonhos podem se tornar realidade. E, aos poucos, eles se tornam.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
São Paulo é um buquê
Com os pés molhados, tirei o sapato, troquei de meia e coloquei um chinelinho. Fechei a mochila, baixei o encosto da poltrona e comecei a prestar atenção na TV. Aquele havia sido o dia mais frio de São Paulo, a chuva era muita e o congestionamento quilométrico. E eu me encontrava bem no centro do furacão. Num ônibus executivo parado no meio da marginal Tietê a caminho de Guarulhos. Cansada, molhada, feliz.
Semana passada fui à São Paulo fazer o visto para morar na França. Retornei exatos 6 anos depois que fui a primeira vez. Estranho e engraçado pensar nas circunstâncias que me levaram e me trouxeram de volta de São Paulo em 2006. Mas essa é outra história.
Cheguei domingo de manhã, o dia tava lindo. Peguei um ônibus de Guarulhos até a cidade e caminhei um pouco para chegar no hostel. Lá encontrei a Natasha e passamos o dia aproveitando a cidade, com direito a doce de feijão na Liberdade, proclamação da República na beira do Ipiranga, cosplay de Harry Potter no Ibirapuera, arte louca no centro cultural e caipirinha no hostel.
Segunda-feira foi o dia fatídico. Chovia em SP. Depois de um café bem delícia no Starbucks rumamos ao Consulado Francês em plena Avenida Paulista. Obviamente o processo foi tenso, com direito a muito nervosismo e tensão, mas sobrevivemos. O visto chega dia 13 de agosto, aparentemente.
Ainda conseguimos aproveitar mais um pouco do que São Paulo poderia nos oferecer gastronomicamente (brigadeiros, pastel de queijo e sanduíche de mortadela), financeiramente (milhões de meias por R$10), belamente (viaduto Santa Ifigênia) e aventureiramente (metrô mucho loco).
Então me encontrei rumando ao Aeroporto Internacional de Garulhos com os pés molhados. Resolvi tirar o sapato, trocar de meia e colocar um chinelinho. Eu estava cansada, molhada e feliz.
Hoje falta exatamente um mês para o final de mais um capítulo e início de outro. Por mais feliz e ansiosa que eu esteja, ultimamente o que tem falado mais alto aqui dentro é o aperto no coração. É a falta da única certeza que eu gostaria de ter. E dói, como dói.
Mas assim é a vida, o que está por vir virá bem vindo e vai ser aproveitado como deve, por todos os lados. E a falta de certezas, muitas vezes, é onde se encontram as mais belas surpresas da vida. Quase como poder colocar uma meia quentinha. Quase.
Semana passada fui à São Paulo fazer o visto para morar na França. Retornei exatos 6 anos depois que fui a primeira vez. Estranho e engraçado pensar nas circunstâncias que me levaram e me trouxeram de volta de São Paulo em 2006. Mas essa é outra história.
Cheguei domingo de manhã, o dia tava lindo. Peguei um ônibus de Guarulhos até a cidade e caminhei um pouco para chegar no hostel. Lá encontrei a Natasha e passamos o dia aproveitando a cidade, com direito a doce de feijão na Liberdade, proclamação da República na beira do Ipiranga, cosplay de Harry Potter no Ibirapuera, arte louca no centro cultural e caipirinha no hostel.
Segunda-feira foi o dia fatídico. Chovia em SP. Depois de um café bem delícia no Starbucks rumamos ao Consulado Francês em plena Avenida Paulista. Obviamente o processo foi tenso, com direito a muito nervosismo e tensão, mas sobrevivemos. O visto chega dia 13 de agosto, aparentemente.
Ainda conseguimos aproveitar mais um pouco do que São Paulo poderia nos oferecer gastronomicamente (brigadeiros, pastel de queijo e sanduíche de mortadela), financeiramente (milhões de meias por R$10), belamente (viaduto Santa Ifigênia) e aventureiramente (metrô mucho loco).
Então me encontrei rumando ao Aeroporto Internacional de Garulhos com os pés molhados. Resolvi tirar o sapato, trocar de meia e colocar um chinelinho. Eu estava cansada, molhada e feliz.
Hoje falta exatamente um mês para o final de mais um capítulo e início de outro. Por mais feliz e ansiosa que eu esteja, ultimamente o que tem falado mais alto aqui dentro é o aperto no coração. É a falta da única certeza que eu gostaria de ter. E dói, como dói.
Mas assim é a vida, o que está por vir virá bem vindo e vai ser aproveitado como deve, por todos os lados. E a falta de certezas, muitas vezes, é onde se encontram as mais belas surpresas da vida. Quase como poder colocar uma meia quentinha. Quase.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Preparativos para realizar mais um sonho!
Eu criei esse blog há 6 anos. Naquela época eu estava me preparando para viver a minha primeira grande aventura. Morar um ano nos Estados Unidos e terminar o segundo grau lá. Quem me conhece, sabe. O que mais faz sentido na minha vida é estudar idiomas, é conhecer pessoas diferentes, é viajar, é organizar uma viagem, é sentir o que só sentimos quando enfrentamos o desconhecido, é a cultura em todos os seus sentidos. Esse blog viveu comigo nos Estados Unidos, viveu comigo pela América do Sul e viveu comigo na Grécia. Agora, ele vai viver comigo mais uma etapa - que eu tenho certeza que vai ser -, maravilhosa da minha vida. O semestre que eu vou passar estudando na França.
O meu querido pensaleiro já ficou muito tempo jogado às traças, mas nunca deixou de servir como ombro amigo quando eu precisei. Nada mais justo que deixar registrado aqui todos os preparativos para a realização de mais um sonho. AFINAL, VOU MORAR NA FRANÇA! :)
Tudo começou quando eu passei no vestibular da UFRGS em 2009. Finalmente tinha o tempo que eu precisava para estudar francês. Foram 10 níveis e 3 anos estudando a língua mais linda desse mundo. O pensaleiro inclusive tem um continho meu em francês publicado por aqui. Sempre via meus colegas de francês comentando sobre o tempo passado na França e tudo mais. Ir pra a França pra mim sempre foi um sonho muito distante, pois não há convênios com universidades francesas com bolsa para jornalismo na UFRGS.
Todas as minhas viagens foram muito bem programadas e com muito pouco dinheiro envolvido. Primeiro eu passei na seleção do Rotary e não paguei quase nada para morar nos Estados Unidos, depois eu trabalhei um semestre inteiro juntando a grana necessária para mochilar na América (e ainda sobrou dinheiro!). Na Grécia fui fazer um trabalho voluntário, mas tinha hospedagem e comida. Nunca passou pela minha cabeça viajar pagando tudo ou viajar só pra turistar gastando toda aquela grana.
Após uma série de acontecimentos, e tentativas frustradas, surgiu uma oportunidade única na minha vida. Depois de passar mais de 8 meses trabalhando MUITO, inclusive feriados e finais de semana, sem quase nenhuma folga, pude guardar um dinheirinho que vai me ajudar a realizar esse sonho (além da minha família, claro). Então pude me candidatar para conseguir uma vaga na Universíté Grenoble 3 - Stendhal. Depois de toda a burocracia, documentos traduzidos em francês, cartas de motivação, de indicação e tudo mais, eu recebi a resposta!
Fui aceita na universidade! Logo começaram os preparativos. Confirmei minha vaga, completei as etapas do Campus France, entrei com processo de afastamento na UFRGS, agendei a entrevista para o visto (em São Paulo de novo, 2006 all over again), e COMPREI AS PASSAGENS.
Quase tudo está encaminhado. Parto para a minha mais nova empreitada dia 22 de agosto de 2012 e retorno no dia 27 de fevereiro de 2013. Vai ser pouco tempo, mas enorme em intensidade, certamente.
Uma das coisas mais legais é que lá não vou estar nem um pouco sozinha! Além dos vários brasileiros que vão pra Grenoble, vou ainda contar com a presença deliciosa da minha colega linda Cíntia, do meu afilhado que eu amo, Marcel e da melhor surpresa até agora desse ano, minha veterana querida Natasha. Além de poder ver minha velha amiga e ex-colega de cursinho que eu morro de saudades, Mari Steffen!!!
Outra coisa maravilhosa é a possibilidade de rever muitos dos meus amigos internacionais! Aquelas pessoas super especiais que eu conheci nas esquinas do mundo, que fizeram parte de momentos super especiais da minha vida e que me deixam com o coração apertado de saudade e incerteza. Vou poder encontrar amigos(as) do Intercâmbio nos Estados Unidos que não vejo há muitos anos, vou poder rever alguns dos meus queridos(as) gregos. Além dos de outros países, coisa boa essa sensação, sério!!
Nesse post quero só falar das coisas boas, então não vou falar do peso no coração e da saudade de casa e das pessoas que vou sentir falta e dos momentos especiais aqui no Brasil que vou perder. Isso faz parte de todas aventuras.
Faltam um pouco mais de dois meses para a viagem. Apesar das dúvidas, estou certa de que essa viagem não será fácil, como nada na vida é. Mas a melhor certeza que tenho é que vai ser uma época cheia de aprendizado e de histórias maravilhosas. Afinal de contas, se eu sei alguma coisa, é a possibilidade de sempre aprender com as experiências, sejam elas positivas ou negativas, e de sempre viver bem vivida cada história da minha vida.
Até lá eu tenho muita coisa pra organizar, muita coisa pra aprender, pra pesquisar e, principalmente, muitas coisas que eu amo pra fazer aqui em Porto Alegre e muitas pessoas que eu amo pra ver e passar tempo com!
Eu realmente quero usar o pensaleiro pra compartilhar um pouco de todas as coisas que eu estou prestes a viver e deixar registrado aqui para, quem sabe, daqui a 6 anos, poder reler e matar um pouco da saudade.
O blog sempre foi algo mais pra mim mesmo do que qualquer outra coisa, mas claro que vou querer que os amigos que se interessam leiam e fiquem ligados nas novidades!
VIVA!!!!! <3
O meu querido pensaleiro já ficou muito tempo jogado às traças, mas nunca deixou de servir como ombro amigo quando eu precisei. Nada mais justo que deixar registrado aqui todos os preparativos para a realização de mais um sonho. AFINAL, VOU MORAR NA FRANÇA! :)
Tudo começou quando eu passei no vestibular da UFRGS em 2009. Finalmente tinha o tempo que eu precisava para estudar francês. Foram 10 níveis e 3 anos estudando a língua mais linda desse mundo. O pensaleiro inclusive tem um continho meu em francês publicado por aqui. Sempre via meus colegas de francês comentando sobre o tempo passado na França e tudo mais. Ir pra a França pra mim sempre foi um sonho muito distante, pois não há convênios com universidades francesas com bolsa para jornalismo na UFRGS.
Todas as minhas viagens foram muito bem programadas e com muito pouco dinheiro envolvido. Primeiro eu passei na seleção do Rotary e não paguei quase nada para morar nos Estados Unidos, depois eu trabalhei um semestre inteiro juntando a grana necessária para mochilar na América (e ainda sobrou dinheiro!). Na Grécia fui fazer um trabalho voluntário, mas tinha hospedagem e comida. Nunca passou pela minha cabeça viajar pagando tudo ou viajar só pra turistar gastando toda aquela grana.
Após uma série de acontecimentos, e tentativas frustradas, surgiu uma oportunidade única na minha vida. Depois de passar mais de 8 meses trabalhando MUITO, inclusive feriados e finais de semana, sem quase nenhuma folga, pude guardar um dinheirinho que vai me ajudar a realizar esse sonho (além da minha família, claro). Então pude me candidatar para conseguir uma vaga na Universíté Grenoble 3 - Stendhal. Depois de toda a burocracia, documentos traduzidos em francês, cartas de motivação, de indicação e tudo mais, eu recebi a resposta!
Fui aceita na universidade! Logo começaram os preparativos. Confirmei minha vaga, completei as etapas do Campus France, entrei com processo de afastamento na UFRGS, agendei a entrevista para o visto (em São Paulo de novo, 2006 all over again), e COMPREI AS PASSAGENS.
Quase tudo está encaminhado. Parto para a minha mais nova empreitada dia 22 de agosto de 2012 e retorno no dia 27 de fevereiro de 2013. Vai ser pouco tempo, mas enorme em intensidade, certamente.
Uma das coisas mais legais é que lá não vou estar nem um pouco sozinha! Além dos vários brasileiros que vão pra Grenoble, vou ainda contar com a presença deliciosa da minha colega linda Cíntia, do meu afilhado que eu amo, Marcel e da melhor surpresa até agora desse ano, minha veterana querida Natasha. Além de poder ver minha velha amiga e ex-colega de cursinho que eu morro de saudades, Mari Steffen!!!
Outra coisa maravilhosa é a possibilidade de rever muitos dos meus amigos internacionais! Aquelas pessoas super especiais que eu conheci nas esquinas do mundo, que fizeram parte de momentos super especiais da minha vida e que me deixam com o coração apertado de saudade e incerteza. Vou poder encontrar amigos(as) do Intercâmbio nos Estados Unidos que não vejo há muitos anos, vou poder rever alguns dos meus queridos(as) gregos. Além dos de outros países, coisa boa essa sensação, sério!!
Nesse post quero só falar das coisas boas, então não vou falar do peso no coração e da saudade de casa e das pessoas que vou sentir falta e dos momentos especiais aqui no Brasil que vou perder. Isso faz parte de todas aventuras.
Faltam um pouco mais de dois meses para a viagem. Apesar das dúvidas, estou certa de que essa viagem não será fácil, como nada na vida é. Mas a melhor certeza que tenho é que vai ser uma época cheia de aprendizado e de histórias maravilhosas. Afinal de contas, se eu sei alguma coisa, é a possibilidade de sempre aprender com as experiências, sejam elas positivas ou negativas, e de sempre viver bem vivida cada história da minha vida.
Até lá eu tenho muita coisa pra organizar, muita coisa pra aprender, pra pesquisar e, principalmente, muitas coisas que eu amo pra fazer aqui em Porto Alegre e muitas pessoas que eu amo pra ver e passar tempo com!
Eu realmente quero usar o pensaleiro pra compartilhar um pouco de todas as coisas que eu estou prestes a viver e deixar registrado aqui para, quem sabe, daqui a 6 anos, poder reler e matar um pouco da saudade.
O blog sempre foi algo mais pra mim mesmo do que qualquer outra coisa, mas claro que vou querer que os amigos que se interessam leiam e fiquem ligados nas novidades!
VIVA!!!!! <3
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Luz
Aquele momento, hoje repleto de escuridão
Alumia
Aquela árvore em que nos encostamos no alto do morro
Alumia
O banco que ficava ao pé da árvore
Alumia
O horizonte pleno que fitávamos ao longe
Alumia
A nuvem e a noite que nos encobria
Alumia
A lembrança praticamente esquecida no fundo do porão
Alumia
Abro os olhos e sinto a brisa, quem diria
É a lua
Que alumia
Alumia
Aquela árvore em que nos encostamos no alto do morro
Alumia
O banco que ficava ao pé da árvore
Alumia
O horizonte pleno que fitávamos ao longe
Alumia
A nuvem e a noite que nos encobria
Alumia
A lembrança praticamente esquecida no fundo do porão
Alumia
Abro os olhos e sinto a brisa, quem diria
É a lua
Que alumia
A história dos nosso livros. Os livros da nossa história.
-Oi.
-Oi? .
-Você pode me dizer quanto custa esse livro?
-Como é que eu vou saber?
-Você não trabalha aqui?
-Não.
-Tem certeza?
-Sim.
-Mas eu vi você aqui ontem.
-E daí?
-E também vi você aqui quarta-feira.
-E isso significa?
-Você também estava aqui no sábado, segurando aquele livro ali.
-Eu não trabalho aqui.
-Você já leu esse livro?
-Já.
-É bom?
-Lê, e aí você vai saber.
-Mas eu nem sei quanto custa!
-Procura atrás do livro, se vira!
-Mas eu achei que você trabalhava aqui. Você tem cara de que trabalha aqui.
-E você tem cara que não vai gostar desse livro.
-Pois eu acho que vou gostar muito desse livro! Só não sei se vou ter dinheiro suficiente. Sabe como é, final do mês e tal.
-Por que você não espera o mês que vem?
-Porque eu estou me sentindo sozinho.
-E quem disse que esse livro vai diminuir a sua solidão?
-Ora, é um livro.
-É.
-Não diz o preço dele aqui.
-Que pena.
-Você não vai me dizer se gostou do livro? Eu estou com fome.
-O livro é legal, mas ele morre no final.
-O que? Você acabou de me contar o final do livro?
-Depende, você vai ter que ler o livro e descobrir.
-Você acabou de me contar o final do livro! Vou ter que encontrar outro.
-Então tá.
-Quer ir comer alguma coisa?
-Que tal esse aqui? Esse eu não sei o final. Eu não estou com fome.
-Esse também não tem preço. Que tal um café?
-Não sei.
-Vamos, é só um café, aí você pode me contar o resto da história daquele livro.
-Tá. É 29,90.
-O quê?
-Esse livro aqui, que ainda não sabemos o final.
-Como você sabe?
-Eu trabalho aqui.
sábado, 10 de março de 2012
Sonhos e lembranças
Deixa eu tentar refletir. Além de seguir tranquila, vivendo minha vida, me vejo sempre correndo atrás dos meus sonhos e vivendo momentos com a intensidade necessária para que eles se tornem boas lembranças.
Uma das coisas mais complicadas da vida, ao meu ver, é quando a esperança de realizar um sonho se desfaz como pó bem na nossa frente. E mais complicado que isso é a necessidade de lidar com esse, por assim dizer, fracasso. Hoje me encontro feliz, com uma vida lotada de amor e possibilidades. Mesmo assim, algumas esperanças se desfazem. Apesar da tristeza e da dor, tento refletir.
Como lidar com a possibilidade de não poder realizar um sonho? Além de seguir tentando, penso que é preciso utilizar uma das melhores armas que possuímos contra a ira do tempo. As lembranças. Olho para trás e revejo todos os sonhos que realizei. Sonhos que vivi. Pessoas e lugares que fizeram tudo se tornar realidade. Esse calor de olhar para trás, e até mesmo para o lado, vendo o presente que está sendo o presente, é, ao menos, reconfortante. Ainda na flor da minha juventude posso olhar para trás e ver uma fila deliciosa e completa de sonhos realizados.
A vida sempre se apresenta com um novo obstáculo, tornando nossa caminhada por vezes realmente difícil de suportar. Acho que mesmo olhando para trás e revendo algum fracasso, eu posso usar somente o que eu aprendi com mais uma batalha e transformar toda e qualquer dor em força. Além de combinar essa força com o sentimento delicioso que as boas lembranças tem o poder de trazer de volta.
Cada momento, cada pessoa, cada lugar... cada sonho realizado pode nos dar mais força para seguir a caminhada e acreditar na possibilidade de mais um sonho. Ninguém disse que seria fácil. Nessas horas em que a possibilidade de sucesso parece tão distante quanto a lua, as boas lembranças tem o poder de um foguete.
Vou seguir em frente, com a certeza de que algo virá, com a força das lembranças e pronta para mais uma batalha. Quando eu menos esperar, talvez, estarei sonhando um novo sonho deitada tranquila em alguma cratera, já na lua.
Uma das coisas mais complicadas da vida, ao meu ver, é quando a esperança de realizar um sonho se desfaz como pó bem na nossa frente. E mais complicado que isso é a necessidade de lidar com esse, por assim dizer, fracasso. Hoje me encontro feliz, com uma vida lotada de amor e possibilidades. Mesmo assim, algumas esperanças se desfazem. Apesar da tristeza e da dor, tento refletir.
Como lidar com a possibilidade de não poder realizar um sonho? Além de seguir tentando, penso que é preciso utilizar uma das melhores armas que possuímos contra a ira do tempo. As lembranças. Olho para trás e revejo todos os sonhos que realizei. Sonhos que vivi. Pessoas e lugares que fizeram tudo se tornar realidade. Esse calor de olhar para trás, e até mesmo para o lado, vendo o presente que está sendo o presente, é, ao menos, reconfortante. Ainda na flor da minha juventude posso olhar para trás e ver uma fila deliciosa e completa de sonhos realizados.
A vida sempre se apresenta com um novo obstáculo, tornando nossa caminhada por vezes realmente difícil de suportar. Acho que mesmo olhando para trás e revendo algum fracasso, eu posso usar somente o que eu aprendi com mais uma batalha e transformar toda e qualquer dor em força. Além de combinar essa força com o sentimento delicioso que as boas lembranças tem o poder de trazer de volta.
Cada momento, cada pessoa, cada lugar... cada sonho realizado pode nos dar mais força para seguir a caminhada e acreditar na possibilidade de mais um sonho. Ninguém disse que seria fácil. Nessas horas em que a possibilidade de sucesso parece tão distante quanto a lua, as boas lembranças tem o poder de um foguete.
Vou seguir em frente, com a certeza de que algo virá, com a força das lembranças e pronta para mais uma batalha. Quando eu menos esperar, talvez, estarei sonhando um novo sonho deitada tranquila em alguma cratera, já na lua.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Das coisas que eu amo: Intro.
2012 chegou, ano em que esse querido cantinho virtual irá completar seis anos. Dessa forma, pretendo iniciar o ano por aqui com uma "série" de postagens esporádicas.
Existe muita gente que tem como hobbie criticar - negativamente-, tudo e todos. De um jeito ou de outro está sempre falando mal de alguma coisa. E eu, ao contrário, já ouvi muito comentário: "Bah, a Bebeth ama tudo". Obviamente que eu critico e não gosto de inúmeras mazelas da nossa sociedade. Mas essa singela característica de entregar um pouco do meu coração para diversas coisas que me agradam faz parte de mim e, querendo, ou não, é quem eu sou.
Sendo assim, começo o ano falando "Das coisas que eu amo". Que fique claro, cada assunto poderá variar do mais abstrato, simples como "rir" até o mais específico e fora do comum como "comer sorvete com batata frita". Vou tirar o peso da alma escrevendo sobre as infinitas coisas que eu amo, que eu gosto, que de alguma forma e por algum motivo, me fazem bem. Vou tentar expor as causas dos meus gostos e vou tentar também me compreender um pouco melhor, tentar revisar minhas preferências, e fazer aquela boa e velha auto-reflexão.
Afinal de contas, esse cantinho internético tá precisando de uma boa atualizada. E nada melhor para tirar a poeira do meu blog do que falando das minhas coisas, das coisas que me fazem bem.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Um momento em Buenos Aires
Eu já havia tido a oportunidade de conhecer Buenos Aires, a capital argentina. Esse final de semana fui lá outra vez. A cidade é belíssima, um clima completamente diferente do Brasil, de Porto Alegre e ainda assim tão perto. Alguns dizem que é o clima europeu, outros falam dos "ayres porteños", há quem diga que são as pessoas e outros, a cidade em si. Para mim é a combinação de tudo isso e mais um pouco. Da Boca a Palermo, os bairros e as ruas possuem uma identidade pessoal, com uma arquitetura de encher os olhos em meio à prédios, parques e monumentos. As opções gastronômicas, minhas favoritas, são infinitas e deliciosas. Do barato ao mais sofisticado, Buenos Aires é um prato cheio para aproveitar em grupo, sozinho ou, para a minha sorte, a dois.
Porém, o que vim compartilhar hoje aqui não é sobre a cidade vista, não é sobre o que os meus olhos de viajante/turista encontram em qualquer esquina. Hoje eu voltei de Buenos Aires querendo escrever sobre um pequeno momento da minha viagem linda - pois a vida é feita desses pequenos momentos - a noite de domingo em San Telmo.
O bairro da boemia porteña é destino fiel dos turistas aos domingos, afinal de contas passear pela Feira de San Telmo é um "must", como diria minha mãe. Mas durante a noite normalmente o pessoal vai para o Puerto Madero ou tomam um rumo diferente
Domingo à noite saímos, eu e o meu amor, a caminhar por San Telmo em busca de um lugar aconchegante para jantar e evitar o vento lá fora. Resolvemos dar uma olhada ao redor da Plaza Dorrego onde inicia a Feira durante o dia. Ao chegar lá me deparei com uma cena surpreendente. Cultura - no melhor dos sentidos. Fiquei sem ar, sem chão.
Uma fileira de luzinhas coloridas iluminavam um canto da praça. Um aparelho de som a todo volume. Algumas mesas com pessoas tomando vinho ou Quilmes e um vento gelado em pleno início de outubro. Quando estávamos chegando a música era algo tipo cúmbia, e quando chegamos naquele lugar, antro de cultura, o que tocava era tango.
E foi assim, ao som de tango numa noite de domingo em San Telmo que argentinos de todas as idades e classes: hippies, hipsters, velhotes, dondocas e gente sem rótulo me mostraram os verdadeiros buenos aires. Uma parte da verdadeira Buenos Aires. Sem ganhar nada dos turistas, sem fazer por necessidade, sem motivo algum aparente. Apenas por serem argentinos, por serem porteños, estavam lá dançando tango. Ora, o que se faz num domingo a noite na Argentina? Até ontem "dançar tango" me pareceria uma resposta saída de um livro de folclore. Mas, hoje, dançar tango possui um significado totalmente diferente pra mim. A dança nasceu na Boca, perto do Puerto Viejo, e é uma mistura de sons e passos de diferentes culturas, trazidos pelos imigrantes. Antigamente se dançava homem com homem, afinal nos portos existiam mais homens que mulheres. Era uma dança do povo. Os ricos ignoraram o ritmo até ele ser aceito na Europa. Só então, o tango passou a ser parte da identidade dos bairros mais abastados de Buenos Aires.
Em San Telmo se dança tango. É o povo argentino, como antigamente, dançando, vivendo a cultura, assim da forma mais pura e simples que se pode existir.
Porém, o que vim compartilhar hoje aqui não é sobre a cidade vista, não é sobre o que os meus olhos de viajante/turista encontram em qualquer esquina. Hoje eu voltei de Buenos Aires querendo escrever sobre um pequeno momento da minha viagem linda - pois a vida é feita desses pequenos momentos - a noite de domingo em San Telmo.
O bairro da boemia porteña é destino fiel dos turistas aos domingos, afinal de contas passear pela Feira de San Telmo é um "must", como diria minha mãe. Mas durante a noite normalmente o pessoal vai para o Puerto Madero ou tomam um rumo diferente
Domingo à noite saímos, eu e o meu amor, a caminhar por San Telmo em busca de um lugar aconchegante para jantar e evitar o vento lá fora. Resolvemos dar uma olhada ao redor da Plaza Dorrego onde inicia a Feira durante o dia. Ao chegar lá me deparei com uma cena surpreendente. Cultura - no melhor dos sentidos. Fiquei sem ar, sem chão.
Uma fileira de luzinhas coloridas iluminavam um canto da praça. Um aparelho de som a todo volume. Algumas mesas com pessoas tomando vinho ou Quilmes e um vento gelado em pleno início de outubro. Quando estávamos chegando a música era algo tipo cúmbia, e quando chegamos naquele lugar, antro de cultura, o que tocava era tango.
E foi assim, ao som de tango numa noite de domingo em San Telmo que argentinos de todas as idades e classes: hippies, hipsters, velhotes, dondocas e gente sem rótulo me mostraram os verdadeiros buenos aires. Uma parte da verdadeira Buenos Aires. Sem ganhar nada dos turistas, sem fazer por necessidade, sem motivo algum aparente. Apenas por serem argentinos, por serem porteños, estavam lá dançando tango. Ora, o que se faz num domingo a noite na Argentina? Até ontem "dançar tango" me pareceria uma resposta saída de um livro de folclore. Mas, hoje, dançar tango possui um significado totalmente diferente pra mim. A dança nasceu na Boca, perto do Puerto Viejo, e é uma mistura de sons e passos de diferentes culturas, trazidos pelos imigrantes. Antigamente se dançava homem com homem, afinal nos portos existiam mais homens que mulheres. Era uma dança do povo. Os ricos ignoraram o ritmo até ele ser aceito na Europa. Só então, o tango passou a ser parte da identidade dos bairros mais abastados de Buenos Aires.
Em San Telmo se dança tango. É o povo argentino, como antigamente, dançando, vivendo a cultura, assim da forma mais pura e simples que se pode existir.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Pensava
Estava crescendo. Pensava. Pulou de uma escola particular para uma estadual, realizou. Mudou. Pensava. Voluntariou, ajudou, reclamou. Mudou. Fez as malas e passou um ano fora, viu, viveu, aprendeu, discordou. Mudou. Pensava. Chegou na cidade grande, estudou, perdeu, ganhou, seguiu vivendo. Mudou. Pensava. Entrou na faculdade, deu com a cara no chão. Mudou. Pensava. Começou a trabalhar, começou a pesar. Pensava. Colocou uma mochila nos costas, deu com a cara na realidade, sorriu, conheceu, viu. Voltou. Mudou. Pensava. Atravessou o mundo, compartilhou, evoluiu, se emocionou. Mudou. Pensava. Surtou, amou, errou, caiu, levantou, acertou, caiu de novo, chorou, sorriu, fez, alcançou, abraçou, seguiu. Pensava. Sempre mudando, pensando, re-pensando. Desenvolvendo. Pensava. Seguia. Crescia.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Quando ela o vê
Eis a cena que se passa em frente aos meus olhos e à minha alma.
Qualquer um poderia pensar numa cena de guerra, dirigida por Coppola, vinda direto de Apocalypse Now. Seria um equívoco, mesmo ela possuindo um ferimento fundo, vermelho vivo, aberto abruptamente em segundos. Seu peito aparece estilhaçado e ela, estupefata, mal consegue respirar. Essa cena se repete várias vezes, até no mesmo dia. Me pergunto o porquê da extrema violência. Mal sei eu, ao vê-la naquele estado, que está feliz. Ora, quem supõe que viver um romance é fácil? Cada vez que o vê, seu coração salta de maneira tão feroz e, como um imã, é puxado em direção a ele. Simples, dessa maneira tão ferrenha. É sempre uma batalha para trazê-lo de volta. O suficiente vem, mas um bocado significante de seu coração sempre segue com ele. A sensação é de completa impotência. Ela o pertence por inteiro, não há o que fazer. Resta a esperança de que ele cuide daquele frágil e louco coração que é capaz de protagonizar tal cena, que chega a assustar meus olhos e minha alma pela tamanha paixão que carrega.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Favorito
nascemos em poemas diversos
destino quis que a gente se achasse
na mesma estrofe e na mesma classe
no mesmo verso e na mesma frase
rima à primeira vista nos vimos
trocamos nossos sinônimos
olhares não mais anônimos
nesta altura da leitura
nas mesmas pistas
mistas a minha a tua a nossa linha
p. leminski
destino quis que a gente se achasse
na mesma estrofe e na mesma classe
no mesmo verso e na mesma frase
rima à primeira vista nos vimos
trocamos nossos sinônimos
olhares não mais anônimos
nesta altura da leitura
nas mesmas pistas
mistas a minha a tua a nossa linha
p. leminski
terça-feira, 22 de março de 2011
A minha delícia Grega
"Mãe, é a Grécia."
Quando decidi fazer mais uma viagem nas férias, dessa vez para realizar algum tipo de trabalho voluntário, meu primeiro pensamento foi, com certeza, algum país da minha querida América Latina. Algum lugar na África veio logo depois, mas os medos corriqueiros da minha madre não deixaram eu dar o próximo passo. Desse meu jeito, quem sabe concorda, eu iria para qualquer esquina do mundo. Sou feita de dúvidas e falhas, mas a única certeza que nutro desde a alma é a paixão pela cultura, com todos os significados que ela possui.
Quando, ao mergulhar em sonhos na infinidade de vagas oferecidas pela AIESEC avistei, ao longe, por puro acaso, um lugarzinho numa ilha na Grécia, meu coração aqueceu. "Mãe, é a Grécia." Simples, assim. A gente não precisa de motivos para querer ir à Grécia. A Grécia é a Grécia, ponto final.
Mal sabia eu, que ao convencer minha mãe com aquele ponto final, eu estaria recém dando ínicio à uma história que ainda não sei se vai ter algum ponto final. Mal sabia eu, de novo, a amplitude de significados que a simples frase "é a Grécia" iria ter na minha vida.
Hoje é o primeiro dia que tomo coragem para tentar escrever sobre a tal Grécia desde que voltei ao Brasil. Não tenho certeza se já estou pronta para tal empreitada, mas sinto que é chegada a hora.
Depois de me atrever a viver um ano nos Estados Unidos lá nos idos de 2006-2007, de ter aprendido apesar de todas as dificuldades que uma vida sozinha proporciona - e depois de ter me aventurado pela geografia maravilhosa da América do Sul de mochila nas costas, aceitando o mundo de peito aberto - uma viagem à Europa, durante as férias, parecia algo quase de tia turista dondoca.
A Grécia mudou minha vida. Pensava humildemente que, com a sorte de ter podido viajar um bocado por aí, já estaria acostumada com o que quer que fosse. Não. A cada lugar novo, o coração pulava de feliz - a cada palavra em outra língua (principalmente tentando pronunciar as vogais em árabe), o sangue fervia de feliz - a cada amigo que eu fazia, o sorriso aumentava - a cada comida que eu provava, a barriga aumentava (mas feliz). A cada vez que eu me dava de cara com a História ali frente a frente, me olhando como se dissesse: "Bebeth, olha eu aqui, esse monumento de mais de 2.000 anos." "Bebeth, corre aqui, foi onde surgiu a democracia." "Bebeth, isso aqui é grego." "Bebeth, não! Isso aqui é turco!" "É grego!" "É turco!"
Foram dois meses vivendo de História interessantíssima, de queridos amigos, de comida amplamente deliciosa, de cultura rica demais, de um trabalho que me dava esperança, de lugares de tirar o fôlego, de um país que se tornou a minha segunda casa.
Dessa experiência, somente restaram lembranças maravilhosas. Tudo deu certo. Esse sentimento de dever cumprido, de ter dado o melhor de mim, de ter aproveitado o máximo e de ter aprendido e amadurecido como nunca, é incrível. A conclusão que tirei dessa experiência é a certeza de sempre querer melhorar, em todos os aspectos, sempre.
As histórias dessa viagem, inúmeras e lindas, ficarão para uma outra hora. Aos poucos tentarei organizar meus pensamentos e lembranças.
Decidi não revisar esse texto e publicá-lo assim, no calor do momento.
Quando decidi fazer mais uma viagem nas férias, dessa vez para realizar algum tipo de trabalho voluntário, meu primeiro pensamento foi, com certeza, algum país da minha querida América Latina. Algum lugar na África veio logo depois, mas os medos corriqueiros da minha madre não deixaram eu dar o próximo passo. Desse meu jeito, quem sabe concorda, eu iria para qualquer esquina do mundo. Sou feita de dúvidas e falhas, mas a única certeza que nutro desde a alma é a paixão pela cultura, com todos os significados que ela possui.
Quando, ao mergulhar em sonhos na infinidade de vagas oferecidas pela AIESEC avistei, ao longe, por puro acaso, um lugarzinho numa ilha na Grécia, meu coração aqueceu. "Mãe, é a Grécia." Simples, assim. A gente não precisa de motivos para querer ir à Grécia. A Grécia é a Grécia, ponto final.
Mal sabia eu, que ao convencer minha mãe com aquele ponto final, eu estaria recém dando ínicio à uma história que ainda não sei se vai ter algum ponto final. Mal sabia eu, de novo, a amplitude de significados que a simples frase "é a Grécia" iria ter na minha vida.
Hoje é o primeiro dia que tomo coragem para tentar escrever sobre a tal Grécia desde que voltei ao Brasil. Não tenho certeza se já estou pronta para tal empreitada, mas sinto que é chegada a hora.
Depois de me atrever a viver um ano nos Estados Unidos lá nos idos de 2006-2007, de ter aprendido apesar de todas as dificuldades que uma vida sozinha proporciona - e depois de ter me aventurado pela geografia maravilhosa da América do Sul de mochila nas costas, aceitando o mundo de peito aberto - uma viagem à Europa, durante as férias, parecia algo quase de tia turista dondoca.
A Grécia mudou minha vida. Pensava humildemente que, com a sorte de ter podido viajar um bocado por aí, já estaria acostumada com o que quer que fosse. Não. A cada lugar novo, o coração pulava de feliz - a cada palavra em outra língua (principalmente tentando pronunciar as vogais em árabe), o sangue fervia de feliz - a cada amigo que eu fazia, o sorriso aumentava - a cada comida que eu provava, a barriga aumentava (mas feliz). A cada vez que eu me dava de cara com a História ali frente a frente, me olhando como se dissesse: "Bebeth, olha eu aqui, esse monumento de mais de 2.000 anos." "Bebeth, corre aqui, foi onde surgiu a democracia." "Bebeth, isso aqui é grego." "Bebeth, não! Isso aqui é turco!" "É grego!" "É turco!"
Foram dois meses vivendo de História interessantíssima, de queridos amigos, de comida amplamente deliciosa, de cultura rica demais, de um trabalho que me dava esperança, de lugares de tirar o fôlego, de um país que se tornou a minha segunda casa.
Dessa experiência, somente restaram lembranças maravilhosas. Tudo deu certo. Esse sentimento de dever cumprido, de ter dado o melhor de mim, de ter aproveitado o máximo e de ter aprendido e amadurecido como nunca, é incrível. A conclusão que tirei dessa experiência é a certeza de sempre querer melhorar, em todos os aspectos, sempre.
As histórias dessa viagem, inúmeras e lindas, ficarão para uma outra hora. Aos poucos tentarei organizar meus pensamentos e lembranças.
Decidi não revisar esse texto e publicá-lo assim, no calor do momento.
Hoje, de volta, me sinto feliz demais rodeada das pessoas que amo e que me fazem bem. Mas um pedacinho de mim segue lá perto do Mar Egeu. Não simplesmente porque é a Grécia, mas porque é a minha Grécia, lugar onde vivi momentos que marcaram para sempre a minha trajetória por aí.
domingo, 13 de março de 2011
O Empalhador de Zebras CAP 3
O que vem?
"Helena Albuquerque, que inventaste agora? Quando vais voltar pra casa, guria?" As palavras rotineiras de meu avô nas vezes que eu saía a viajar por aí fazem falta nesses dias quentes na aldeia africana de Makineh. Sempre tão preocupado e sem paciência para as minhas aventuras, creio que se estivesse vivo hoje gostaria de saber que estou aqui por causa de seus animais tão amados.
Estou instalada numa cabana afastada da aldeia que minha amiga Kenya fez questão de me "emprestar" por algum tempo. É meio óbvio que não me cobre aluguel, pois a cabana realmente não está em condições básicas para se viver. Mas para tudo dá-se um jeito. Tenho somente três vizinhos. Um casal idoso que juntos devem pesar menos que eu, porém com um coração e esperança maiores que o mundo. E Aynek, amigo do marido de Kenya, Osahon, alguém que ainda não sei se posso confiar.
Sinto falta do meu avô e do conforto no sul, ainda mais com as coisas andando de um jeito bem inesperado aqui no Congo. Descobri que o tal médico austríaco se chama Matsambackers e só. Ao que parece ele é uma pessoa bem difícil de se encontrar. Tenho tentado alguma coisa com Moïse, mas quando ele entendeu meu interesse de descobrir o paradeiro do dito cujo, se afastou repentinamente.
Desse modo tenho passado meus dias quentes na África tentando escapar do sol forte e consertar a minha pequena cabana em Makineh. Kenya está sempre muito ocupada e há pouco descobriu que está grávida. Birrenta como sempre, desatou-se a falar sobre como não deveria colocar mais uma criança em solo africano, devido à óbvia situação. Porém, ao mesmo tempo é delicioso ver seus olhos brilhando ao falar do bebê que está por vir.
As zebras continuam a desaparecer e ouvi dizer que até os filhotes estão sumindo. Dói fundo essa sensação de impotência. O que acalma minha alma nesses dias últimos tempos é o pôr-do-sol que tenho a sorte de apreciar todo final de tarde em frente à cabana, que me lembra o de Porto Alegre. Mas, ver o sol se pôr aqui é realmente indizível, sem igual. O momento favorito do dia, enquanto me sinto mais leve e a esperança parece renascer um pouco enquanto o sol se deita lá no horizonte.
"Helena Albuquerque, que inventaste agora? Quando vais voltar pra casa, guria?" As palavras rotineiras de meu avô nas vezes que eu saía a viajar por aí fazem falta nesses dias quentes na aldeia africana de Makineh. Sempre tão preocupado e sem paciência para as minhas aventuras, creio que se estivesse vivo hoje gostaria de saber que estou aqui por causa de seus animais tão amados.
Estou instalada numa cabana afastada da aldeia que minha amiga Kenya fez questão de me "emprestar" por algum tempo. É meio óbvio que não me cobre aluguel, pois a cabana realmente não está em condições básicas para se viver. Mas para tudo dá-se um jeito. Tenho somente três vizinhos. Um casal idoso que juntos devem pesar menos que eu, porém com um coração e esperança maiores que o mundo. E Aynek, amigo do marido de Kenya, Osahon, alguém que ainda não sei se posso confiar.
Sinto falta do meu avô e do conforto no sul, ainda mais com as coisas andando de um jeito bem inesperado aqui no Congo. Descobri que o tal médico austríaco se chama Matsambackers e só. Ao que parece ele é uma pessoa bem difícil de se encontrar. Tenho tentado alguma coisa com Moïse, mas quando ele entendeu meu interesse de descobrir o paradeiro do dito cujo, se afastou repentinamente.
Desse modo tenho passado meus dias quentes na África tentando escapar do sol forte e consertar a minha pequena cabana em Makineh. Kenya está sempre muito ocupada e há pouco descobriu que está grávida. Birrenta como sempre, desatou-se a falar sobre como não deveria colocar mais uma criança em solo africano, devido à óbvia situação. Porém, ao mesmo tempo é delicioso ver seus olhos brilhando ao falar do bebê que está por vir.
As zebras continuam a desaparecer e ouvi dizer que até os filhotes estão sumindo. Dói fundo essa sensação de impotência. O que acalma minha alma nesses dias últimos tempos é o pôr-do-sol que tenho a sorte de apreciar todo final de tarde em frente à cabana, que me lembra o de Porto Alegre. Mas, ver o sol se pôr aqui é realmente indizível, sem igual. O momento favorito do dia, enquanto me sinto mais leve e a esperança parece renascer um pouco enquanto o sol se deita lá no horizonte.
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